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Agronegócios
Sexta - 18 de Fevereiro de 2005 às 07:38
Por: Lygia Lima/Mariana Peres

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A soja transgênica pode estar, de forma legal, ocupando nesta safra cerca de 50 mil hectares (ha), volume superior aos 44 mil/ha confirmados, até a última sexta-feira, pela Delegacia Federal de Agricultura (DFA). A estimativa deverá ser concretizada nos próximos 30 dias, assim que a DFA, receber todos os Termos de Compromisso e Ajustamento de Conduta (TCRAC), documentos que foram entregues até o dia 31 de janeiro, nos sindicatos, Correios e agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.

Confirmadas as estimativas, a safra da oleaginosa geneticamente modificada (OGM), vai avolumar aproximadamente 140 mil toneladas e corresponderá a menos de 1% da produção mato-grossense para o ciclo 04/05. Os números concretizados vão representar um crescimento de 2,700% em relação aos 1,8 mil/ha cultivados, em caráter experimental, na safra passada por nove produtores do Estado.

O presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, José Nardes, disse ontem à tarde que a informação de que a área de soja transgênica plantada no município é mesmo de 24 mil hectares (ha) e não de 4 mil ha como havia sido declarado pela Delegacia Federal de Agricultura (DFA).

“É fácil saber, é só relacionar os produtores e sabemos que são de Primavera do Leste. Deve ter ocorrido algum equívoco”, afirma Nardes.

Ontem, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), também trouxe a questão à tona. Segundo a superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), da Famato, Rosimeire Cristina dos Santos, é quase certo que o volume total da área possa passar dos 50 mil/ha.

"É difícil nós fazermos uma estimativa dessa, pois quem controla o recebimento dos TCRAC é a DFA. Inicialmente estávamos trabalhando com uma área de 50/55 mil hectares e uma produção de 154 mil toneladas. O problema é que não temos como checar o que foi vendido de semente, e esse sim seria um grande referencial para mensurar o que de fato está plantado. Por enquanto, fica valendo o TCRAC, protocolado até o último dia 31", explica Rosimeire.

Segundo a superintendente do Imea, pelas as informações que estão em poder da DFA, Pedra Preta (243 quilômetros ao Sul de Cuiabá), lidera o volume de área, com 14 mil/ha plantados.

Em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro-Sul de Cuiabá), a assessoria do próprio sindicato acredita que possa haver alguma alteração no montante de área declarada porque alguns produtores que residem em Primavera do Leste podem ter áreas em outros municípios da região, e daí ter ocorrido essa diferença.

No município existem 260 mil/ha de lavouras de soja, e o Sindicato Rural estima que pelo volume de área com transgênicos possa ser muito superior ficando entre 35 mil e 40 mil/ha, mesmo que o volume declarado tenha sido menor.

O secretário de Agricultura e engenheiro agrônomo, Valdir Machado, afirmou que considera o volume declarado por meio do TCRAC menor do que a área realmente cultivada com soja OGM, mas ele prefere não fazer estimativas em números. Segundo ele, os 4 mil/ha anunciados pela DFA, representam apenas 1,5% de toda a área de lavoura, o que é muito pouco.

De acordo com o secretário, a área declarada é menor do que o real, porque muitos produtores têm receio de que o Governo utilize essas informações contra eles mesmos. “Os produtores sabem que se forem flagrados em uma fiscalização em que ficar comprovado o plantio de soja modificada sem que ela tenha sido declarada terão que responder por isso”, argumenta.

Na DFA, o chefe do Serviço de Desenvolvimento Rural, Luiz Henrique Gonçalves Pires, não foi encontrado, estava em Brasília. Mas desde o início da semana, Pires já cogitava a possibilidade da alteração dos números, em função do recebimento dos TCRAC.

ALERTA - Rosimeire observa que soja transgênica é apenas resistente ao glifosato e nada mais. "A produtividade é menor além do risco de, caso não seja uma variedade resistente, vir a ter outros tipos de doenças na lavoura, como o cancro da haste, nematoíde e até mesmo a Ferrugem Asiática, pois ainda não temos variedades desenvolvidas para nossa região. Nos dias de campo que estão sendo realizados pelo Estado, a Fundação MT está apresentando algumas variedades já desenvolvidas para nossas lavouras".




Fonte: Diário de Cuiaba

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