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Cidades/Geral
Quarta - 16 de Fevereiro de 2005 às 16:04

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O município de Reserva do Cabaçal (380 km de Cuiabá), está em busca de uma identidade própria para a cerâmica produzida na região. Com um potencial turístico invejável – são 18 cachoeiras espalhadas pelo município e um Festival de Praia que atraí cerca de 20 mil pessoas - Reserva do Cabaçal tem matéria-prima em abundância para a produção de cerâmica: a argila. Por isso, a cerâmica pode ser uma fonte de renda lucrativa para os artesãos locais.

O grupo de ceramistas formado há cinco anos pela Prefeitura Municipal veio a Cuiabá em uma missão técnica e comercial para conhecer de perto a demanda do mercado e as experiências positivas dos artesãos do bairro mais tradicional nesta área, o São Gonçalo. A visita faz parte do convênio para o desenvolvimento da cerâmica em Reserva do Cabaçal coordenado pelo Centro Design Mato Grosso, vinculado ao Centro Universitário Unirondon e ao Sebrae/MT. A parceira, neste caso, também envolve o Senai.

Nesta terça-feira (15), o grupo de ceramistas, a secretária de Ação Social, Deusina Pereira Coelho, a assistente social do município, Yara Alves e a vereadora Rosa Martins de Souza, foram recepcionados, no Unirondon, pela reitora da Instituição, Luzia Guimarães, pelo gerente do Centro Design, Javier López e a consultora Débora Lapinsk (foto).

A reitora do Centro Universitário ressaltou a importância da consultoria técnica do Centro Design Mato Grosso para o artesanato no Estado. “Vocês estão tendo acesso a informações fundamentais para melhorar a qualidade do produto, dar a ele uma identidade própria e ainda, sobre como colocar este artesanato no mercado. O artesanato em Mato Grosso é pouco explorado e precisa deste suporte”, observou Luzia Guimarães.

O gerente do Centro Design, Javier López, fez uma breve explanação do trabalho realizado pelo setor e lembrou ao grupo que para colocar um produto no mercado, não é fácil. “Para se ter um produto que venda bem, temos que fazer 100 vezes, ou seja, tentar 99 vezes. Só com muita sorte, o primeiro a ser produzido é comercializado, mas isso é raro. Às vezes, o problema não está no produto e sim em pra quem se tenta vender”, explicou. A proposta do Centro é mostrar para as artesãs que existem saídas para os problemas que elas enfrentam no município.

BONS RESULTADOS

“Este é um sonho que está sendo realizado. Quero ver o grupo crescer. Acredito que vai dar tudo certo”, disse a coordenadora do grupo de cerâmica de Reservado Cabaçal, a professora Ana Pereira Ambrósio. Ela demonstra muito entusiasmo ao falar do processo de aprendizagem do grupo formado por 12 mulheres. “Eu aprendi a trabalhar com a cerâmica com a minha mãe, ainda criança para ajudar na renda de casa. Lá no município nunca teve um curso, nada que nos ajudasse, e as nossas peças eram mais rústicas”, avaliou a coordenadora do grupo.

Na primeira etapa do convênio, no segundo semestre de 2004, foram ministrados cursos com três consultores do Centro de Design e as primeiras mudanças são visíveis, não só nas peças de cerâmicas, mas, principalmente, na postura das artesãs. “Antes as mulheres ceramistas produziam porque gostavam, agora, existe a preocupação com a qualidade do produto”, assegurou Ana Ambrósio. Segundo ela, o acabamento das peças já melhorou, “mas ainda tem muito que melhorar”.

A identidade própria da cerâmica de Reserva do Cabaçal, aos poucos, também está sendo construída. “Logo que começamos o trabalho no município percebemos que a cerâmica era muito parecida com o que se vê no bairro São Gonçalo, em Cuiabá”, conta Débora Lapinsk. Hoje, os detalhes nas peças apresentam diferenças básicas que traduzem a identidade regional, como a torre da igreja matriz da cidade e a cabaça, que faz parte da história do município. Para o grupo isto é só o começo: “a gente está vendo que o produto tem boa saída e é uma possibilidade de renda. Quanto mais a gente aprender aqui, melhor. Vale a pena!”, garantiu uma das ceramistas do grupo, Ivanir Soares.

O entusiasmo não é pra menos. Em menos de seis meses o grupo já recebeu instruções do Centro Design sobre modelagem, sobre tecnologia de produção – em convênio com o Senai que está analisando a qualidade da argila na região – e sobre cooperativismo, a importância da união para gerar emprego e renda.

“O mais complexo será a parte comercial e turística. Não adianta ter turismo sem infra-estrutura e ter o produto sem a demanda do turista. Um dos resgates que teremos que fazer e o da cabaça. Não há mais cabaças no município e temos que ter sementes para plantar e voltar a ter o produto de novo”, constatou Javier.

De acordo com a secretária de Ação Social e primeira-dama do município, Deusina Pereira Coelho, o respaldo da Prefeitura nesta parceria é total. “A parceria está dando resultados. O grupo está motivado, com outra visão, acreditam nelas e no potencial da cerâmica. A prefeitura vai dar o suporte necessário e está investindo no projeto”, assegurou a secretária.

Na Câmara Municipal, o grupo tem como aliada a vereadora recém-eleita, Rosa Martins Souza, 23 anos. “Estou acompanhando o grupo para conhecer os detalhes do trabalho e na Câmara vou discutir com os vereadores formas de ajudar a desenvolver o projeto”. A participação de Reserva do Cabaçal na Festa Internacional do Pantanal, em abril, na capital do Estado, para apresentar o potencial turístico do município está garantida.

Na quarta-feira (16), o grupo acompanhado pelos consultores do Centro Design Mato Grosso visitou a Garimpos Brasil, loja de artesanato Shopping Três Américas; a Arte Patuá, - no Shopping Goiabeiras e o bairro São Gonçalo Beira Rio onde as ceramistas conheceram a produção de Galinha d´Angola, um sucesso da artesã Cleide Rodrigues de Moraes. Elas visitaram também o Sesc Casa do Artesão e o laboratório de cerâmica do Senai/Fiemtec.





Fonte: Assessoria-Unirondon

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