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Nacional
Terça - 15 de Fevereiro de 2005 às 20:30

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O Papa João Paulo II, 84 anos, declarou hoje, em uma mensagem enviada à Igreja Portuguesa, que as orações da irmã Lúcia sempre o ajudaram a superar as provas mais difíceis. A freira, que morreu neste domingo aos 97 anos, era a última pastorinha viva das três crianças que presenciaram a aparição de Nossa Senhora de Fátima (Portugal) em 1917.

O texto do Papa, representado nas cerimônias pelo cardeal italiano Tarcisio Bertone, arcebispo de Gênova (norte da Itália), será lido nesta terça-feira durante os funerais da religiosa na catedral de Coimbra. O Sumo Pontífice tinha uma relação estreita com a Irmã Lúcia e acreditava que graças à Virgem sobreviveu ao atentado do qual foi vítima no dia 13 de maio de 1981 em plena Praça de São Pedro.

"Sempre me senti apoiado pelo dom diário das orações, em especial nos momentos mais difíceis das provas e no sofrimento", afirma o Papa na mensagem dirigida ao bispo de Coimbra. "Lembro com emoção nossos encontros e os laços de amizade espiritual que se intensificaram ao longo do tempo", acrescenta.

Ao saber da morte da freira na segunda-feira, João Paulo II rezou por sua alma, informou o Vaticano. Poucas horas antes de morrer, a religiosa recebeu uma mensagem com a benção do Papa, na qual Sua Santidade expressava a esperança de que "superasse a prova com serenidade, resignação e dignidade", afirmaram fontes do Vaticano.

De acordo com as revelações, a Virgem confiou "três segredos" às crianças, um deles seria a profecia de que o Papa sofreria um atentado. João Paulo II visitou três vezes o santuário de Fátima e se reuniu várias vezes com a irmã Lúcia.

O cardeal Bertone, como secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, havia sido encarregado de ouvir o depoimento da Irmã Lúcia sobre as revelações feitas pela Virgem. Os dois se encontraram em diferentes ocasiões, a última em novembro de 2003.

"Nessa ocasião perguntei-lhe se existiam outros escritos, além dos publicados pelo Vaticano, sobre o chamado segredo de Fátima. Ela me respondeu que não", contou. "Sinto-me honrado de que o Papa tenha me enviado para presidir os funerais de Sóror Lucia, num momento em que se oferece a Deus uma criatura privilegiada, mas ao mesmo tempo, tão amiga da humanidade", acrescentou.

Lúcia de Jesus dos Santos viveu muito mais tempo que Francisco e Jacinta Marto, as outras duas crianças que afirmaram ter visto a Virgem em 1917. Nascida no dia 22 de março de 1907, Lúcia vivia desde 1948 num velho mosteiro de Coimbra que abriga a ordem das Irmãs Carmelitas, onde dedicava sua vida à oração e à meditação. Estava surda e cega.

Tinha apenas dez anos quando disse ter visto pela primeira vez a Virgem Maria num campo perto da cidade de Fátima (centro de Portugal) no dia 13 de maio de 1917, numa aparição também testemunhada por seus primos Francisco e Jacinta, de 7 e 9 anos. Os dois últimos foram beatificados pelo Papa em 2000.





Fonte: AFP

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