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Internacional
Terça - 15 de Fevereiro de 2005 às 17:10

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As baixas contribuições internacionais puseram em risco a ajuda alimentar da qual dependem mais de um milhão de refugiados na região sudanesa de Darfur, afirmou nesta terça-feira o Programa Mundial de Alimentos (PMA), da ONU.

O PMA pediu à comunidade de doadores 438 milhões de dólares para financiar suas operações na região neste ano, mas recebeu apenas 214 milhões de dólares.

A advertência feita hoje pelo PMA ocorre na véspera da apresentação, em Nova York, da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, ao Conselho de Segurança da organização, para explicar as conclusões de um relatório sobre as graves violações dos direitos humanos em Darfur.

O documento foi elaborado por uma comissão internacional que passou grande parte de sua missão nessa região africana, investigando as responsabilidades por tais abusos.

O objetivo do PMA em Darfur é que sua ajuda chegue aos 2,8 milhões de pessoas, vítimas da violência que começou no início de 2003, após o levantamento de grupos rebeldes contra o governo, que respondeu com o envio de seu exército e o apoio às milícias árabes "Janjaweed", que dizimaram a população civil.

No entanto, o organismo humanitário ainda está longe de seu objetivo e sofreu um retrocesso, confessou hoje sua porta-voz, Christiane Bertiahume.

Segundo a funcionária, o PMA ajudou no mês passado 1,2 milhão de refugiados, contra os 1,4 milhão do mês anterior, o que representa que 15% a menos de pessoas receberam ajuda.

Berthiaume advertiu que a falta de recursos está limitando a capacidade do organismo de entregar cestas completas de alimentos e estocar produtos para o início do período de chuvas, previsto para julho.

"É crucial que possamos armazenar nossos estoques de alimentos", disse, depois de explicar que, com as chuvas, extensas áreas do oeste de Darfur ficarão isoladas.

Para enfrentar essa situação, o organismo precisa armazenar 11.000 toneladas de produtos em lugares estratégicos, explicou.

A porta-voz afirmou também que o maior obstáculo para as operações do PMA em Darfur é a falta de segurança.

Admitiu que enquanto a situação não melhorar dificilmente a ajuda se estenderá a grupos que estão fora do campo de ação da organização.

Berthiaume destacou que pelo menos a metade das famílias dependem completamente da ajuda do PMA.

Segundo um estudo da ONG Save the Children as condições nutricionais da população refugiada melhoraram nos últimos meses.

A taxa de desnutrição severa entre os refugiados e menores de cinco anos caiu de 21,8% em setembro do ano passado para 6,6% no começo deste ano.

Berthiaume disse que esta situação se enquadra em um problema maior que as operações humanitárias na África sofrem atualmente: as contribuições recebidas em janeiro para o conjunto de atividades do PMA no continente foram 21% menores em relação às registradas no mesmo mês de 2004.

"Este é um verdadeiro tema de preocupação", alertou.

O que aconteceu em Darfur foi declarado em 2004 a pior crise humanitária da história, depois do conflito interno que deixou 70.000 mortos e dois milhões de refugiados.





Fonte: EFE

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