Há cerca de dois meses, um rapaz de 33 anos, uma das testemunhas de acusação no julgamento do pai, Silas Caetano de Farias, de 72 anos, encontra-se desaparecido, segundo a Polícia Civil, que investiga o sumiço. O pai dele irá a júri popular no próximo dia 30 pela morte do próprio filho, Marcelo Dias dos Santos, no Fórum de Cuiabá, e é acusado de mandar matar outros três filhos, inclusive o jovem que está desaparecido.
Conforme o delegado Silas Caldeira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), essa é a terceira vez que o rapaz desaparece pouco tempo antes de depor nas audiências em que testemunharia contra o pai, já que é o único dos quatro filhos do empresário que sobreviveu após sofrer atentado. "A mãe dele registrou um boletim de ocorrência dizendo que ele saiu de casa bem vestido, de terno, e não voltou mais. Não sabemos se houve um atentado contra ele", disse o delegado ao G1. No entanto, nas outras duas vezes que o jovem sumiu não teve ligação com o pai.
Silas foi intimado a prestar esclarecimentos na DHPP, mas a defesa alegou que ele não poderia ir até à Delegacia porque cumpre prisão em regime domiciliar e só poderia sair de casa com ordem judicial.
O delegado afirmou que a mãe do rapaz desaparecido alega que o empresário é responsável pelo sumiço do filho, pois ele era uma das testemunhas do assassinato contra o irmão pelo qual será julgado. "Como desaparecer não é crime, estamos à procura do possível cadáver. O homicídio começa a ser apurado quando se acha o corpo e, por enquanto, não há nenhuma prova de que ele tenha sido morto, como, por exemplo, alguma testemunha que tenha visto ele sendo colocado em um carro antes do desaparecimento", pondera Silas Caldeira.
No entanto, o delegado avalia que o empresário se torna suspeito, uma vez que o filho iria testemunhar contra ele no júri e é considerado a principal testemunha do caso. Ocorre que o acusado começou a ser investigado e teve a prisão decretada após o rapaz ter oferecido denúncia no Ministério Público Estadual (MPE), em abril do ano passado, por tentativa de homicídio. A vítima levou sete tiros de um suposto pistoleiro que teria sido contratado pelo pai e sobreviveu. Porém, após cinco meses de prisão, o réu conseguiu a liberdade devido à saúde debilitada.
Júri
O empresário será julgado no dia 30 do mês que vem pela morte de Marcelo Dias dos Santos. O crime ocorreu em março de 2004, em frente a um lava-jato na Avenida Marechal Deodoro, no bairro Araés, na capital. Como consta no processo, em tramitação na Primeira Vara Criminal de Cuiabá, o acusado culpava a vítima por um assalto ocorrido no momento em que saía de casa para efetuar um depósito no valor de R$ 20 mil em dinheiro, referente à venda de um veículo feita pela vítima.
O segundo homicídio que supostamente também seria a mando do acusado ocorreu em 2005. O filho dele, Jorge Luiz Pufal Salomão, foi assassinado próximo à Ponte de Ferro, no bairro Planalto, na capital, por uma pessoa não identificada. Conforme depoimentos, a própria vítima havia adiantado que se algo lhe acontecesse o responsável seria o próprio pai.
Além disso, o empresário é acusado de ter mandado executar o filho Érico Puffal de Farias, que era testemunha dos crimes, motivo pelo qual teria sido morto.
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