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Internacional
Domingo - 13 de Fevereiro de 2005 às 19:10

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Exato um ano depois de começar a onda de casamentos homossexuais em São Francisco, o prefeito da cidade garante não se arrepender de uma decisão que precipitou a reação conservadora, em parte responsável pela vitória eleitoral do presidente dos EUA, George W. Bush.

Leslie e Nancy, John e William, Sylvia e Marga são alguns dos casais que comemoram hoje seu primeiro ano de casados no papel. Na cidade californiana, com alta percentagem de homossexuais, o valor simbólico é quase tão importante como o judicial, como bem sabe o prefeito Gavin Newsom.

Newsom convocou todos os casais que se uniram formalmente no ano passado - cerca de 4 mil - a uma festa na prefeitura, em um gesto que voltou a atiçar a ira de seus vários desafetos. Em 12 de fevereiro de 2004, casaram-se Phyllis Lyon, de 80 anos, e Do Martin, de 84, um casal de ativistas dos direitos das lésbicas que selou a união em segredo para evitar a intervenção dos tribunais.

Depois do casamento de Phyllis e Do, outros 87 casais disseram o "sim", aproveitando, além disso, que em 12 de fevereiro a comunidade homossexual celebra o Dia pela Liberdade para Casar. O grande protagonista do dia foi o democrata Newsom, que, naquele momento, só havia assumido as rédeas da prefeitura há cinco semanas. Ele teve um primeiro ano de mandato bastante espinhoso, já que muitos lhe jogaram a culpa por ter desatado a reação conservadora que, em última instância, levou o presidente Bush a continuar na Casa Branca.

Muitos cientistas políticos acham que se algo ampliou o voto mais conservador nas eleições de novembro foi a questão dos casamentos de homossexuais. Os eleitores de 11 estados aprovaram propostas incluídas em suas respectivas cédulas eleitorais para emendar suas constituições de modo que se defina o casamento como a união exclusiva de um homem e uma mulher.

A existência dessas propostas no dia de votação incentivou os eleitores mais religiosos e conservadores. Depois das eleições, Bush se declarou disposto a apoiar o Congresso - de maioria republicana -, para que se aprove uma emenda na Constituição federal que defina explicitamente o casamento como a união de um homem e uma mulher.

Para Matt Foreman, diretor do grupo Força Nacional de Gays e Lésbicas, Newsom foi corajoso e fez o correto no ano passado, apesar de reconhecer que a reação depois das eleições obrigou o grupo a reconsiderar sua estratégia. Foreman assinala que a comunidade homossexual achou que as imagens desses casamentos - com casais risonhos e em muitos casos com crianças - mudariam a percepção que o público tinha da questão. "Mas o que aprendemos é que o público não viu desta maneira, e essa foi uma revelação muito dolorosa."

O prefeito, por sua vez, disse recentemente ao San Francisco Chronicle que nunca se arrependerá de sua iniciativa, que a Suprema Corte da Califórnia jogou por terra pouco depois, sob o argumento de que o prefeito não tem autoridade para desafiar a lei estadual, que também define o casamento como a união de um homem e uma mulher.

Enquanto isso, Newsom, que recorreu da decisão, continua desfrutando de grande popularidade em São Francisco, onde as últimas pesquisas lhe dão 80% de aprovação entre os cidadãos. Querido pelos eleitores mas maltratado pelos pesos pesados de seu partido, como a senadora Dianne Feinstein, ex-prefeita de São Francisco. "Agora mesmo não suporto meu partido", assinalou esta semana o prefeito, de 37 anos, que anunciou há poucos dias que se separava de sua mulher, a apresentadora de televisão e ex-modelo Kimberly Guilfoyle.




Fonte: Agência EFE

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