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Economia
Sábado - 08 de Janeiro de 2005 às 06:58
Por: Nilson Brandão Júnior

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Rio de Janeiro - A indústria farmacêutica reverteu no ano passado a trajetória de quedas consecutivas dos últimos seis anos. O setor - que entre 1997 e 2003 encolheu quase 20% no País em unidades vendidas - cresceu ao redor de 10% em 2004 e projeta crescimento entre 5% e 7% para este ano, empurrado pelo avanço da massa salarial e o crescimento econômico. A avaliação no setor e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é de que o crescimento do mercado vai estimular novos investimentos.

As projeções de crescimento em unidades foram feitas pelo presidente da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), Ciro Mortella. "Houve recuperação, o que é novidade absoluta para o setor, que vinha diminuindo", afirma. Em 2003, o setor havia vendido 1,497 bilhão de unidades, 356 milhões a menos do que em 1997. O balanço final de 2004 ainda vai ser fechado pela entidade, mas as estimativas indicam que o movimento chegou perto de 1,650 bilhão em 2004 e pode ficar em torno de 1,750 bilhão este ano.

Mortella explica que a venda de medicamentos é diretamente influenciada pelo rendimento do trabalhador. Projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que a massa salarial cresceu 2% em 2004 e poderá avançar 10% em 2005. Além da recuperação da demanda, o setor vem sendo favorecido pela valorização do real. Como importa grande parte da matérias-primas que utiliza, além de itens como embalagens, o recuo do dólar reduz a pressão de custos.

Apesar disso, Mortella argumenta que o setor é controlado e não pode repassar imediatamente variações como esta, ao contrário de segmentos que atuam com maior liberdade de preços. "A questão é quanto tempo o câmbio fica mais baixo e se isso dá condição de recuperar o que perdeu, quando (o câmbio) aumentou. A dinâmica do câmbio tem de ser vista no tempo, ao contrário dos setores que não são controlados, que podem acompanhar a variação", diz ele.

Com base nos dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), enquanto a inflação no varejo foi de 6,27% no ano passado, a variação dos preços de medicamentos ficou em 6,66%. A diretora-executiva do Pró-Genéricos, Vera Valente, informa que o ano foi bom também para o segmento, que segundo ela, pratica preços em média 40% mais baixos. O número do ano não foi fechado, mas ela afirma que o segmento vem crescendo acima do mercado geral.

Investimentos - O setor farmacêutico, que entrou o ano operando com quase metade da capacidade ociosa, deve fechar 2004 com uma utilização próxima de 70% do parque fabril, estima o presidente da Febrafarma. Mortella avalia que, mantida a tendência de crescimento, poderá haver novos investimentos. O gerente do departamento farmacêutico do BNDES, Pedro Palmeira, concorda. "Acho que um crescimento por dois anos pode contribuir para uma indução dos investimentos", diz Palmeira.

O BNDES espera fechar o ano com uma carteira de projetos em análise dentro do banco da ordem de R$ 1 bilhão, dos quais entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões poderiam ser financiados pela instituição. Atualmente, a carteira inclui 15 projetos de investimento, que somam ao redor de R$ 700 milhões, que estão entre a fase de consulta a de aprovação. Dois laboratórios já tiveram projetos aprovados: o Libbs e o Eurofarma.




Fonte: Agência Estado

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