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Palestinos fazem último dia de campanha eleitoral
O canto dos imãs convocando os muçulmanos para as orações ecoa cinco vezes por dia das mesquitas para toda a cidade de Ramalá, como em quase todo o resto do Oriente Médio. Mas ultimamente a paisagem da cidade na Cisjordânia também exibe algo raro nos países da região: cartazes de candidatos à presidência. Nesta sexta-feira, os candidatos à liderança palestina entram na reta final da campanha para as eleições de domingo.
A maioria dos analistas já dá como praticamente certa a vitória do ex-primeiro ministro Mahmoud Abbas, que é do mesmo grupo Fatá ao qual pertencia o presidente Yasser Arafat, morto em novembro.
Em Ramalá, a maior parte da propaganda política é dele, mas Abbas é seguido de perto (no número de cartazes, porque nas pesquisas ele tem liderança folgada) pelo ex-líder do Partido Comunista, Mustafá Barghouti.
Os dois candidatos são considerados relativamente moderados. Mas o tom da campanha eleitoral em toda a região é de crítica veemente a aspectos da violência entre israelenses e palestinos.
Atenção às eleições
Mesmo em se tratando de escolher um presidente que não tem um país para a governar, a maioria dos palestinos entrevistados pela BBC Brasil disse que está atenta às eleições, seja a favor ou contra elas.
"Acho importante que todas as pessoas votem porque, mesmo que os efeitos da eleição sejam limitados, a escolha dos nossos líderes é um direito nosso. Eu não escolhi um candidato ainda mas com certeza vou participar das eleições, mesmo que seja com um voto em branco", disse a palestina Esperanza Hussein.
"Eu não vou votar porque acho impossível que haja eleições livres e justas enquanto estivermos sob ocupação (de Israel) e não me interessa quem vai ser o presidente que vai negociar a perda de mais terras palestinas. As eleições não vão ter nenhuma influência no processo de paz porque o problema é a liderança isralense, e não a palestina", diz outra palestina, Riham Barghouti.
Participação
A grande dúvida dos analistas atualmente é qual vai ser a participação dos palestinos nas eleições. Embora a vitória de Abbas seja considerada quase certa, observadores temem que uma participação muito baixa - menor do que 50% do eleitorado - acabe deixando nas mãos de quem for eleito uma Autoridade Nacional Palestina enfraquecida e com pouca legitimidade.
O vice-ministro da informação da Autoridade Palestina, Ahmed Suboh, acusa Israel de estar agindo para diminuir a participação dos eleitores palestinos na votação.
"Os israelenses fazem uma grande propaganda internacional dizendo que estão ajudando a realização das eleições, mas isto é mentira. Eles estão fazendo de tudo para que nossas eleições não tenham grande participação popular e assim nós acabemos com um líder fraco para as negociações de paz", diz Suboh.
Dentro dos territórios palestinos, no entanto, também há grupos importantes fazendo campanha pelo boicote às eleições. O principal deles é o grupo militante islâmico Hammas, que é fraco na Cisjordânia - onde o Fatá, de Arafat e Abbas é a força dominante - mas muito forte na Faixa de Gaza.
"Estes grupos também não querem alguém forte no comando da Autoridade Palestina porque sabem que nosso próximo presidente vai ser muito duro na tarefa promover a ordem", diz. Mas com tudo isso, Suboh ainda espera uma participação de 70% a 75% do eleitorado nas eleições. "Os palestinos sempre atenderam quando chamados a cumprir seus deveres políticos e desta vez não vai ser diferente."
Em Jerusalém Oriental, a zona palestina da cidade, sob ocupação israelense, a campanha eleitoral também está acontecendo, mas de maneira mais discreta do que na Cisjordânia. A autorização para que os palestinos da cidade também pudessem votar só foi concedida depois de muitas discussões com o governo israelense.
Observadores brasileiros
Uma parte da delegação brasileira que vai observar as eleições palestinas chegou à região na quinta-feira. O grupo de cinco observadores é chefiado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Sepúlveda Pertence.
O ministro faz questão de deixar claro que trata-se de uma missão de observação e não de monitoramento eleitoral. "Esta é uma eleição acontecendo em condições que a tornam muito singular e diferente de outras nas quais o Brasil participou do monitoramento. Agora estamos vindo apenas como observadores", disse Pertence.
A delegação brasileira tem reuniões marcadas com a Comissão Eleitoral Palestina antes das eleições e no domingo o grupo vai se dividir para cobrir as diferentes áreas de votação.
Dia a dia Enquanto isso, os palestinos continuam com as suas preocupações cotidianas. "Somos seres humanos normais que temos uma cultura, gostamos de música, de teatro e de esportes. Os palestinos não são apenas o que aparece na mídia internacional", reclama o músico Samir Joubrin.
Joubrin fez na quinta-feira uma apresentação que lotou um teatro de Ramalá com um público e um clima semelhantes aos que poderiam ser encontrados em qualquer sala de espetáculos brasileira.
Embora as discussões a respeito da ocupação e das soluções para ela seja algo que interesse a todos, muitos dizem que só querem viver em paz como outros cidadãos do mundo. "Quando comecei a tocar na Europa, não gostava de saber que muita gente ia aos meus espetáculos não por causa da minha arte, mas para ver como é um palestino. Nós somos apenas pessoas querendo levar uma vida normal", comenta Joubrin.
A maioria dos analistas já dá como praticamente certa a vitória do ex-primeiro ministro Mahmoud Abbas, que é do mesmo grupo Fatá ao qual pertencia o presidente Yasser Arafat, morto em novembro.
Em Ramalá, a maior parte da propaganda política é dele, mas Abbas é seguido de perto (no número de cartazes, porque nas pesquisas ele tem liderança folgada) pelo ex-líder do Partido Comunista, Mustafá Barghouti.
Os dois candidatos são considerados relativamente moderados. Mas o tom da campanha eleitoral em toda a região é de crítica veemente a aspectos da violência entre israelenses e palestinos.
Atenção às eleições
Mesmo em se tratando de escolher um presidente que não tem um país para a governar, a maioria dos palestinos entrevistados pela BBC Brasil disse que está atenta às eleições, seja a favor ou contra elas.
"Acho importante que todas as pessoas votem porque, mesmo que os efeitos da eleição sejam limitados, a escolha dos nossos líderes é um direito nosso. Eu não escolhi um candidato ainda mas com certeza vou participar das eleições, mesmo que seja com um voto em branco", disse a palestina Esperanza Hussein.
"Eu não vou votar porque acho impossível que haja eleições livres e justas enquanto estivermos sob ocupação (de Israel) e não me interessa quem vai ser o presidente que vai negociar a perda de mais terras palestinas. As eleições não vão ter nenhuma influência no processo de paz porque o problema é a liderança isralense, e não a palestina", diz outra palestina, Riham Barghouti.
Participação
A grande dúvida dos analistas atualmente é qual vai ser a participação dos palestinos nas eleições. Embora a vitória de Abbas seja considerada quase certa, observadores temem que uma participação muito baixa - menor do que 50% do eleitorado - acabe deixando nas mãos de quem for eleito uma Autoridade Nacional Palestina enfraquecida e com pouca legitimidade.
O vice-ministro da informação da Autoridade Palestina, Ahmed Suboh, acusa Israel de estar agindo para diminuir a participação dos eleitores palestinos na votação.
"Os israelenses fazem uma grande propaganda internacional dizendo que estão ajudando a realização das eleições, mas isto é mentira. Eles estão fazendo de tudo para que nossas eleições não tenham grande participação popular e assim nós acabemos com um líder fraco para as negociações de paz", diz Suboh.
Dentro dos territórios palestinos, no entanto, também há grupos importantes fazendo campanha pelo boicote às eleições. O principal deles é o grupo militante islâmico Hammas, que é fraco na Cisjordânia - onde o Fatá, de Arafat e Abbas é a força dominante - mas muito forte na Faixa de Gaza.
"Estes grupos também não querem alguém forte no comando da Autoridade Palestina porque sabem que nosso próximo presidente vai ser muito duro na tarefa promover a ordem", diz. Mas com tudo isso, Suboh ainda espera uma participação de 70% a 75% do eleitorado nas eleições. "Os palestinos sempre atenderam quando chamados a cumprir seus deveres políticos e desta vez não vai ser diferente."
Em Jerusalém Oriental, a zona palestina da cidade, sob ocupação israelense, a campanha eleitoral também está acontecendo, mas de maneira mais discreta do que na Cisjordânia. A autorização para que os palestinos da cidade também pudessem votar só foi concedida depois de muitas discussões com o governo israelense.
Observadores brasileiros
Uma parte da delegação brasileira que vai observar as eleições palestinas chegou à região na quinta-feira. O grupo de cinco observadores é chefiado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Sepúlveda Pertence.
O ministro faz questão de deixar claro que trata-se de uma missão de observação e não de monitoramento eleitoral. "Esta é uma eleição acontecendo em condições que a tornam muito singular e diferente de outras nas quais o Brasil participou do monitoramento. Agora estamos vindo apenas como observadores", disse Pertence.
A delegação brasileira tem reuniões marcadas com a Comissão Eleitoral Palestina antes das eleições e no domingo o grupo vai se dividir para cobrir as diferentes áreas de votação.
Dia a dia Enquanto isso, os palestinos continuam com as suas preocupações cotidianas. "Somos seres humanos normais que temos uma cultura, gostamos de música, de teatro e de esportes. Os palestinos não são apenas o que aparece na mídia internacional", reclama o músico Samir Joubrin.
Joubrin fez na quinta-feira uma apresentação que lotou um teatro de Ramalá com um público e um clima semelhantes aos que poderiam ser encontrados em qualquer sala de espetáculos brasileira.
Embora as discussões a respeito da ocupação e das soluções para ela seja algo que interesse a todos, muitos dizem que só querem viver em paz como outros cidadãos do mundo. "Quando comecei a tocar na Europa, não gostava de saber que muita gente ia aos meus espetáculos não por causa da minha arte, mas para ver como é um palestino. Nós somos apenas pessoas querendo levar uma vida normal", comenta Joubrin.
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/360704/visualizar/
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