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Nacional
Quarta - 05 de Janeiro de 2005 às 23:53

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Os segurados que vão às agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os usuários que procuram atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais públicos têm pelo menos uma constatação comum: a falta de funcionários é o principal responsável pela deficiência na prestação desses serviços.

O problema foi constatado hoje no posto do INSS no Setor de Autarquias Norte, em Brasília, onde algumas pessoas se queixavam de estar há quatro horas na fila esperando para tirar certidões ou, simplesmente, pedir informações sobre como se aposentar.

Iracilda Queiroz Magalhães, de 53 anos, e Maria Cecília Pereira, de 49, queriam comprovar tempo de serviço. Elas disseram que chegaram "de madrugada" para pegar senha e reclamaram do atendimento prestado por funcionários mal humorados que não sabiam dar as informações necessárias.

"Às vezes, eu acho que eles estão tensos e acabam nos tratando mal quando fazemos uma pergunta a mais, que eles não sabem responder", disse Iracilda. Ela precisou voltar ao posto pelo menos sete vezes nos últimos seis meses. Se não conseguir o documento provando que contribuiu para a Previdência, a aposentadoria, que deveria sair no final do ano, será adiada.

Ângela Maria Lima revelou que já foi mais de 20 vezes ao posto tentando reaver o benefício de um irmão portador de doença neurológica. Ela contou que o irmão, do qual é procuradora, perdeu o benefício por causa de uma perícia "parada em cima da mesa de um médico". No mesmo posto, das oito horas até 12h30, somente 12 pessoas foram atendidas antes dela.

O servidor público federal Pedro Geisel, que acompanhava a mulher Gladis Maria de Moraes, disse que para resolver os problemas, é necessário gritar. "Aqui o sistema é esse: negar e quem berrar leva. Os mais humildes que não exigem os seus direitos ficam sem os benefícios". Segundo ele, a mulher não está recebendo o benefício a que tem direito por causa de um erro de informação do próprio INSS.

Nos hospitais públicos o problema se repete. A dona-de-casa Maria Lúcia da Silva, de 37 anos, hipertensa, disse que já ficou muitas horas na fila de atendimento do Pronto-Socorro do Hospital de Base e chegou, inclusive, a voltar para casa sem ver o médico. O pedreiro Raimundo Borges de Oliveira, de 53 anos, desde ontem apresentava queixa de muita dor no peito, falta de ar e tontura. Ele foi ao Hospital do Guará, mas não conseguiu atendimento e precisou voltar hoje ao Hospital de Base.

"Eu não culpo nem tanto os médicos. Eles até querem resolver os problemas. Mas é muita gente e pouco médico. Agora mesmo, uma mulher estava sofrendo ali na fila e veio um médico atendê-la, mas ao mesmo tempo teve que sair correndo porque tinha uma pessoa morrendo lá dentro. O que precisa mesmo é ter mais médico trabalhando e ganhando um salário bom, para trabalhar feliz e com competência", afirmou Raimundo.




Fonte: Agência Brasil

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