Polícia faz apreensões na casa de piloto de Dudu

Os policiais do Serviço Reservado e do Grupamento de Apoio Tático (GAT) do 23° BPM (Leblon) localizaram ontem à noite, uma casa do piloto Lino Ramalheira de Abreu, 49 anos, na Avenida Niemeyer, em São Conrado, no Rio de Janeiro. No local, eram guardados automóveis, motores e peças de carros, uma moto, arma, munições, fotos de veículos, um computador, folhas de cheques e documentos pessoais. O piloto, que foi preso no domingo, é acusado de dar cobertura ao traficante Eduíno Eustáquio de Araújo, o Dudu.

O material apreendido foi periciado. A polícia já confirmou que a moto foi roubada e um dos motores pertencia a um Fiat roubado. De acordo com o tenente Pinheiro, que comandou a operação, a casa era guardada por dois cães rotweillers e cinco filhotes, para impedir a aproximação de estranhos. No quintal, havia oito motores de BMW, 16 caixas de marcha, rodas de liga leve montadas com pneus, uma Towner, um Gol em nome de Lino, um carro importado e a moto com numeração remarcada.

Para entrar na casa, os soldados contaram com a ajuda de parceiros da Companhia de Cães da PM, que dominaram os animais. No local, foram apreendidos um revólver calibre 38 não cadastrado, com seis munições, um cartucho calibre 765, fotos de veículos batidos, peças de carros no banheiro, computador, passaporte, carteira funcional e cinco habilitações como piloto e instrutor de vôo expedidas pelo Ministério da Aeronáutica e Departamento de Aviação Civil, em nome de Lino, folhas de cheques, bolsa com roupas femininas, medicamentos e materiais cirúrgicos - dando a impressão de que houve, no local, atendimento a feridos.

Diante do farto material encontrado, os policiais acionaram equipes da 15ª DP (Gávea) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), que investigam a procedência dos carros e peças.

"Preservamos o local, para a realização da perícia, pois havia muitos indícios de ilícitos relacionados aos veículos. A impressão era de que alguém deixara a casa às pressas, abandonando a bolsa com roupas preparada para viagem", explicou o tenente Pinheiro.

Acusado de dar cobertura ao traficante Dudu, o piloto, que era lotado na Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (CGOA), foi transferido pra a carceragem da Polinter e exonerado pela governadora Rosinha Matheus.

O ex-deputado federal e pastor, Francisco Silva, admitiu que indicou o piloto Lino em 2002 para uma vaga na Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (CGOA). Segundo o deputado, ele queria agradar ao irmão de Lino, o fiscal da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Sebastião Ramalheira. Em 2003, ele chegou a ser dispensado quando a governadora assumiu, mas em 2003, foi recontratado.

Segundo policiais que participaram da investigação, Lino dava segurança e informações ao traficante Dudu e era responsável por seu deslocamento.

A Suspeita

Policiais responsáveis pela investigação do caso disseram que a suspeita surgiu quando o piloto declarou que viajava com freqüência para Manaus e Porto Velho, regiões próximas à Colômbia, como voluntário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - informação negada pelo órgão.

De acordo com a polícia, o piloto auxiliava as operações de transporte do traficante, que era um dos mais procurados do Rio e fornecia informações sobre as ações policiais que tinham como objetivo a localização de Dudu. O traficante comandou a invasão à Rocinha, em abril de 2004, para tomar os pontos de venda de drogas controlados por Luciano Barbosa, o Lulu, morto dias depois durante incursão da polícia na favela.

As suspeitas de que Lino tenha ajudado Dudu durante o planejamento da invasão à favela veio à tona quando o traficante disse, após ser preso, que a ação contou com fotos aéreas da Rocinha.

Entre as peças do inquérito que apura os crimes praticados por Dudu está uma conversa entre o traficante e o piloto, gravada com autorização judicial.

Os policiais encontraram com o piloto, no momento da prisão, uma arma e uma foto do traficante abraçado à filha de Lino.