Para o delegado, o importante agora é que se individualize as condutas de cada um da equipe. (Foto: Bruno Santos/Terra)
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, afirmou na tarde desta terça-feira que a polícia paulista precisa ter a consciência de que "matar bandido não vai acabar com a criminalidade", mas "pode acabar com a vida dele (policial) e de sua família". O delegado está acompanhando as investigações sobre o homicídio do servente Paulo Batista do Nascimento, 25 anos, que teria sido morto por policiais após ser rendido durante uma perseguição. Um cinegrafista amador registrou as imagens do momento em que ele teria sido baleado. O crime aconteceu na manhã do último sábado, no bairro de Campo Limpo, zona sul da capital paulista.
"O policial tem esse agravante. Ele, mesmo não cometendo crime, agindo na omissão dele, é gravíssimo. É um ato isolado de policiais que não respeitaram a regra básica de quem é policial, que é respeitar a lei. Polícia, no mundo inteiro, tem poder. Por ela ter poder, tem de ter controle. A partir do momento que o policial desrespeita a regra básica, que é respeitar a vida, a integridade do preso, do suspeito, tem de arcar com o rigor da Justiça", disse.
A Polícia Civil está investigando a conduta de cinco policiais envolvidos no caso: o tenente Halstons Kay Yin Chen, que chefiava a equipe, além dos soldados Francisco Anderson Henrique, Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de Almeida e Diógenes Marcelino de Melo.
Francisco Anderson Henrique, que era o motorista da viatura, foi ouvido na segunda-feira, enquanto Marcelo de Oliveira Silva, Jailson Pimentel de Almeida e Diógenes Marcelino de Melo estão sendo ouvidos na tarde desta terça-feira. De acordo com o delegado, todos podem ter pedido de prisão preventiva decretado nas próximas horas, caso a polícia veja indícios suficientes da participação deles no crime. O tenente Halstons também deve ser ouvido nas próximas horas.
"Se o delegado se convencer que há indícios de autoria, vai pedir a prisão preventiva. Um promotor opina e o juiz decide. É importante que a polícia não se precipite neste momento", afirmou.
De acordo com o delegado, esse é um caso de extrema exceção. "A Polícia Civil e a Militar são compostas por pessoas que respeitam a lei. Somente a prisão é capaz de reverter o quadro de violência. Quando um agente da lei comete um crime, a reação da sociedade é muito negativa. A sociedade espera que o agente da lei cumpra a lei, não cometa crimes."
"A Justiça tem de individualizar as condutas (de cada um da equipe). É importante individualizar: quem matou, quem omitiu a informação, quem escondeu o corpo..." Segundo ele, cada um vai ter de responder pela sua responsabilidade desvendada.
Onda de violência
Desde o início do ano, ao menos 91 policiais foram assassinados no Estado. Desse total, 18 eram aposentados e três estavam em serviço. Além disso, o Estado continua a enfrentar um grande índice de violência. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, só na capital houve um crescimento de 102,82% no número de pessoas vítimas de homicídio no mês de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em todo o Estado, a alta foi de 26,71% no mesmo período.
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