Crise no agronegócio leva o governo a contingenciar

O Orçamento Geral do Estado para 2005 vai ficar contingenciado por quatro meses. A decisão é do governador Blairo Maggi, como medida preventiva para uma possível queda de arrecadação devido à crise anunciada no agronegócio. Conforme ele, despesas diárias, de manutenção, não há como contingenciar, mas os investimentos e os repasses serão retidos até abril. "É justamente o período da safra. Eu quero ver como ela se comporta, porque a partir daí temos uma noção do que será a arrecadação de Mato Grosso no ano", disse o governador ontem durante a posse do novo secretário de Estado de Desenvolvimento Rural, Otaviano Piveta.

Otimista, Piveta ressalta já ter conversado com produtores rurais e garante que serão encontradas maneiras para solucionar o problema. Contudo, ele não quis adiantar nada. Limitou-se a dizer que vai se posicionar nos próximos dias. Também empresário do agronegócio, o secretário empossado destaca que a questão não é só o preço baixo das commodities, porque não estão abaixo de médias históricas. Mas há três fatores agravantes da crise prevista para esta safra.

Um deles é a incidência da ferrugem da soja, o outro a defasagem cambial e, por último, o custo do agrofertilizante. "Mas um custo que corrói nossa renda há 20 anos é a logística. Estamos jogando fora de 20% a 30% da nossa renda num sistema de transporte atrasado, inconveniente e não se faz nada. Então, o governo precisa correr atrás é de viabilizar, de alguma forma, a infra-estrutura. Para dar sustentabilidade ao agronegócio mato-grossense precisamos de estrada e ferrovia, no mínimo, sem falar em hidrovia", avalia Piveta.