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Internacional
Terça - 04 de Janeiro de 2005 às 10:55

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Um acidente no aeroporto de Banda Aceh, na Indonésia, uma das cidade mais destruídas pelo maremoto na Ásia, está prejudicando as operações de ajuda na região. O aeroporto foi fechado depois que um Boeing 737 carregado de suprimentos atropelou uma vaca na pista. O choque danificou o equipamento da aeronave que enguiçou no meio da pista, impedindo o funcionamento do aeroporto.

Até que o avião seja retirado, o aeroporto não poderá ser usado por aviões militares da própria Indonésia, dos Estados Unidos, da Austrália e da Malásia para levar alimentos e suprimentos aos sobreviventes.

O acidente prejudica uma operação já comprometida pela falta de infra-estrutura e pela dificuldade de coordenação entre os governos locais e estrangeiros e agências humanitárias.

No caso da Indonésia, as operações também estão sendo prejudicadas por causa da resistência do governo em permitir acesso ilimitado dos militares americanos ao local, informa o correspondente da BBC em Aceh Jonathan Head.

Mais de 1,8 milhão de pessoas precisam de comida, e cerca de 5 milhões estão desabrigadas pelo que está sendo considerado um dos piores desastres naturais da história.

O número total de mortos na tragédia é estimado em 150 mil.

Leia: Doações inúteis e desorganização atrapalham ajuda humanitária

'Alta exponencial'

Nesta segunda-feira, o coordenador da ajuda humanitária da ONU, Jan Egeland, disse que o número de mortos na região ainda deverá passar da cifra oficial de 94 mil.

"O número de mortos vai crescer exponencialmente na costa oeste de Sumatra, nunca saberemos qual será o número final. Mas podemos estar falando em dezenas de milhares de mortes adicionais nesta área", declarou ele.

Egeland disse ainda que, embora se acreditasse que Banda Aceh tivesse sido a cidade mais atingida, a devastação pode ter sido ainda maior na cidade de Meulaboh, também no oeste da Indonésia.

Egeland disse que a resposta internacional tem sido exemplar.

"Vimos 2004 terminar com o pior da natureza e 2005 começar com o melhor da humanidade. Esperamos que este se torne o padrão para a resposta internacional à miséria e à tragédia."

EUA

O governo americano, inicialmente criticado pelo que foi visto como uma reação tímida à tragédia, tomou nos últimos dias uma série de iniciativas para ajudar a região, incluindo a promessa de doar US$ 350 milhões e o envio de uma delegação encabeçada pelo secretário de Estado americano, Colin Powell.

Powell chegou nesta segunda-feira à Tailândia – primeiro país num giro pela região atingida pelo maremoto –, onde se reuniu com o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.

O secretário disse que os Estados Unidos não vão abandonar a região e prometeu ajuda americana na criação de um sistema de alarme para tsunamis, que poderiam evitar tragédias semelhantes no futuro.

Powell viaja acompanhado de uma delegação que inclui o governador da Flórida e irmão do presidente George W. Bush, Jeb Bush, e deve visitar ainda o Sri Lanka e Indonésia, os dois países mais afetados pelo desastre.

Ainda nesta segunda-feira, o presidente George W. Bush anunciou que os ex-presidentes Bill Clinton e George Bush (pai) vão liderar uma campanha para angariar doações para ajudar na reconstrução dos países atingidos pelo maremoto no sul da Ásia.

Os dois ex-presidentes devem viajar pelo país participando de eventos e dando entrevistas incentivando os americanos a contribuir.

Leia: Clinton e Bush pai vão pedir doações a americanos

Aborígenes

Na Índia, a descoberta de que aborígenes que eram tidos como mortos sugere que eles perceberam a aproximação do tsunami pelo comportamento dos animais e buscaram abrigo em terras mais altas.

Nativos das ilhas de Andaman e Nicobar, eles saíram armados com arcos e flechas, disparando contra os aviões que transportavam suprimentos.

A sobrevivência deles reforça a tese de alguns especialistas de que o "sexto sentido" dos animais pode ser usado num futuro sistema de alerta.

Mais de seis mil aborígenes daquela região eram dados como mortos ou desaparecidos.

O governo indiano estima em 15 mil o número de mortos com o maremoto.

Leia também: Restrição de acesso a Andaman atrasa ajuda, dizem ONGs

O grande desafio é levar os estoques de alimentos para os necessitados Política

Como na Indonésia, problemas políticos têm atrapalhado as operações ajuda no Sri Lanka.

O grupo rebelde dos Tigres Tâmeis queixou-se de que não vem recebendo ajuda suficiente do governo do país para atender as vítimas do tsunami.

Na Tailândia, navios da marinha tailandesa e japonesa começaram a realizar buscas em alto mar por corpos de vítimas.

A medida atende um pedido de diplomatas suecos, que acreditam que milhares cidadãos de seu país continuam desaparecidos. As operações de busca por terra estão tendo muito pouco sucesso.

As autoridades na Tailândia afirmaram que as buscas por corpos de pessoas que morreram no maremoto que atingiu o país na semana passada vão continuar por mais pelo menos cinco dias.

Dez anos

Para a ONU, pode ser que nunca se saiba o número exato de mortos, porque muitos corpos foram levados pelo mar.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que as áreas atingidas pelo maremoto devem levar até dez anos para se recuperar.

Annan falou da "dura complexidade" dos esforços para ajudar as vítimas da tragédia que afetou 12 países.

Ele vai viajar para a Indonésia no dia 6 de janeiro para participar de uma reunião de líderes mundiais para discutir as melhores formas de ajuda.




Fonte: BBC Brasil

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