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Nacional
Terça - 04 de Janeiro de 2005 às 05:14
Por: Denise Chrispin Marin

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Brasília - Por conta de uma trapalhada do Palácio do Planalto, o secretário-geral do Conselho da União Européia (UE), Javier Solana, cancelou sua visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada desde o início de dezembro, para a próxima quinta-feira. Esta foi a quarta vez que o espanhol Solana, apontado como o futuro ministro das Relações Exteriores logo que a Constituição Européia for ratificada pelos 25 países do bloco, viu abortada sua tentativa de se reunir a um chefe de Estado brasileiro desde 2000.

O Itamaraty considerava o encontro estratégico para o aprofundamento do diálogo político entre o Brasil e a União Européia em um ano de debates sobre os rumos da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). O cancelamento da visita havia sido confirmado ao Estado na manhã de ontem pela Delegação da União Européia em Brasília e pelo Itamaraty, em função de um compromisso assumido pelo presidente Lula no dia 6.

O Palácio do Planalto chegou a sugerir ao gabinete de Solana um encontro no dia 5, mas o secretário-geral europeu já tinha uma visita marcada à Colômbia. Na tarde de ontem, a assessoria de imprensa da Presidência da República informou que tinha havido um "recuo" e que o encontro, finalmente, estava confirmado para a quinta-feira às 15h30. "Tarde demais. Não seria possível modificar mais uma vez a agenda do secretário-geral e de sua equipe, que estão nos Estados Unidos neste momento. O importante, agora, é marcar a visita para outra data", afirmou Mauro Mariani, da representação da UE no Brasil, ao ser questionado pelo Estado sobre o recuo do Planalto. Ex-ministro da Cultura, da Educação e Ciência e das Relações Exteriores da Espanha, entre 1982 e 1995, e ex-secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, de 1995 a 1999, Solana atualmente acumula a função de secretário-geral do Conselho da União com a de alto-representante europeu para Política Externa e Segurança Comum. A expectativa era que, em sua primeira visita ao Brasil, tocasse em temas caros à política externa do presidente Lula, como o fortalecimento do multilateralismo e as iniciativas de combate mundial à fome e à pobreza.

Nesse sentido, a reforma da ONU - o tema número 1 da diplomacia política da atual administração - era um dos tópicos a serem tratados, apesar do fato de os principais países europeus já terem manifestado sua posição em relação à ampliação do Conselho de Segurança e ao possível aval ao ingresso do Brasil como membro permanente, em detrimento de uma posição comum do bloco. A reconstrução do Haiti e os conflitos no Oriente Médio também estariam na agenda, assim como o combate ao terrorismo e à proliferação de armas nucleares.

Embora não cuide diretamente de temas comerciais, Solana tenderia a tratar com Lula da disputa pela direção-geral da OMC, em maio, quando a Rodada Doha estará em um momento crucial. A importância dessa conversa estava na possível polarização entre a UE, que mantém a candidatura de Pascal Lamy, seu comissário para o Comércio, e o Brasil, com a busca de apoio de outros países em desenvolvimento ao embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa. A retomada das negociações sobre o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia também teria vez. Mas, por enquanto, terá de ser tratada apenas em nível técnico.




Fonte: Agência Estado

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