Ex-presidente uruguaio se opõe ao Parlamento do Mercosul

O ex-presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle considera motivo de "alerta nacional" a recém-fundada Comunidade Sul-americana e o projeto de criar um Parlamento do Mercosul, porque, segundo ele, tais iniciativas afetam a soberania nacional. "O tema é de extrema gravidade", afirmou o ex-presidente em um ato público em Paysandu, a 378 quilômetros de Montevidéu, noticiado nesta segunda-feira pela imprensa da capital uruguaia.

"O país se encontra diante de uma verdadeira emergência nacional na medida em que são propostos o Parlamento do Mercosul e uma organização política da América do Sul que implicará um menosprezo da independência do país", afirmou.

Não é a primeira vez que o ex-presidente, que governou o país de 1990 a 1995 e é um dos líderes do Partido Nacional (Blanco), alerta sobre a perda de soberania do país e se manifesta contra a ampliação do processo de integração do Mercosul.

Lacalle disse que é preciso "pensar muito bem" se os uruguaios devem "ceder soberania a Brasil, Argentina e Paraguai em um Parlamento do Mercosul que não tem nem a menor base jurídica, nem política e que não é conveniente para os interesses do país".

Na cúpula semestral do Mercosul realizada em Belo Horizonte em dezembro, os Estados membros decidiram levar adiante o processo de criação do Parlamento e estabeleceram dezembro de 2006 como prazo limite para sua entrada em vigor.

Uma semana antes, em Cuzco, no Peru, foi criada a Comunidade Sul-americana de Nações, que ainda não está funcionando.