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Cidades/Geral
Sexta - 31 de Dezembro de 2004 às 07:35
Por: Daniel Pettengil

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No papel, o projeto é perfeito: atividades culturais, esportivas, cursos profissionalizantes, reuniões, palestras - tudo de graça para os moradores. A realidade de boa parte dos centros comunitários construídos nos bairros de Cuiabá, no entanto, é radicalmente oposta. Os espaços que deveriam servir para a convivência são alvos constantes de atos de vandalismo e estão entregues à sujeira total, ao mato ou abrigam famílias sem-teto e marginais.

Instalados e equipados pela prefeitura, os centros localizados principalmente em bairros periféricos tornam-se inoperantes em pouco tempo.

No bairro Tancredo Neves, a situação é caótica. Nos arredores do prédio, o mato quase esconde o muro. Mas o pior está no espaço interno. Lixo de todo o tipo, restos de roupas e móveis, preservativos usados, bitucas de cigarro, fezes se espalham pelo chão. "Tinha que fazer alguma coisa, porque aí serve para esconder bandido e drogado", reclama o aposentado Jorge Flores, que mora em frente ao centro comunitário. Há dois meses, um homem invadiu a pequena casa onde ele mora, retirou à força sua neta do local e a estuprou no centro abandonado, cuja porta fica aberta permanentemente.

Segundo os moradores, o problema já se arrasta há cerca de 3 anos. A presidente do bairro, Venância Pinto de Moura, afirma que já tentou reerguer o espaço, mas não recebeu apoio da comunidade. Ela disse ainda que pediu uma suplementação no orçamento participativo da prefeitura para a reforma da unidade, mas ainda não obteve resposta. "Coloquei como prioridades do bairro o asfaltamento e a instalação de um posto de saúde e como opção a reforma do centro", reconhece.

Já no bairro Doutor Fábio I, o centro comunitário inaugurado em agosto de 2000 parou de funcionar há alguns meses. As portas e quase todas as janelas estão quebradas e as cadeiras escolares que serviam aos cursos apodrecem em meio à sujeira deixada pelas pombas. Há seis máquinas de escrever, uma impressora, uma máquina de xerox, móveis e até uma geladeira - tudo quebrado e depredado. "O pessoal fazia até festa aí antes, tinham muitas atividades, mas isso acabou. Hoje é só sujeira", relata uma moradora que preferiu não se identificar. O presidente do bairro não foi localizado em sua casa.

O vice-presidente a União Coxipoense de Associações de Bairros (Ucam), Joaquim Pereira dos Santos, vê motivações políticas para o abandono dos centros comunitários. "Muitos presidentes deixaram de lado, porque não receberam apoio da prefeitura", diz ele.




Fonte: A Gazeta

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