Cerâmicas e olarias terão que certificar produtos
“Tanto o Governo do Estado, como a Caixa Econômica Federal, deixarão de adquirir produtos que não tenham a certificação”, diz o chefe do Departamento de Geologia e Mineração da Metamat, geólogo Marcos Vinícius Paes de Barros, exemplificando a abrangência e importância da certificação. O programa, além de buscar a qualificação destas empresas, está desenvolvendo processos para que estas se enquadrem dentro da legislação ambiental junto aos órgãos competentes como Ibama e Fema.
O programa de qualidade foi iniciado com um diagnóstico feito pela Metamat no pólo ceramista da Baixada Cuiabana, onde existem 26 empresas em Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio do Leverger e Nossa Senhora do Livramento, além de 25 olarias instaladas nessa região. Um comitê composto pelos órgãos envolvidos definiu critérios para a execução do programa. São quatro as etapas criadas pelo Imeq a serem seguidas. Duas delas já foram executadas. A primeira deu-se com a identificação dos produtos das cerâmicas, que devem levar o nome do fabricante, número do telefone e também as dimensões dos tijolos e telhas produzidos.
Em seguida, o Imeq realizou vistorias para verificar se o que estava especificado nos produtos batia com os testes e com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Na próxima etapa serão feitos testes nos laboratórios do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para medir a resistência e absorção de água, entre outros itens. Por último, na quarta etapa, as empresas serão vistoriadas para ver se atendem a todos os critérios que envolvem constituição legal (se também estão em dia com os tributos fiscais) e qualidade da produção.
Somente após todas estas etapas é que a empresa receberá um certificado de qualidade. A partir daí, caberá ao comitê observar periodicamente a qualidade dos produtos. Se o padrão for mantido, as certificações serão renovadas anualmente. Além do diagnóstico realizado no pólo ceramista da Baixada Cuiabana, o programa foi estendido aos pólos de Rondonópolis, Sinop, Juína e Cáceres. O trabalho incluiu a identificação de fontes de matérias primas. Falta apenas concluir o diagnóstico no pólo de Barra do Garças, previsto para julho do ano que vem. “Com a adoção do programa, uniformizou-se a produção e tudo foi decidido em conjunto desde a compra de matéria prima, resultando, assim, num ganho de produtividade e qualidade. O estágio agora é de agregação de valores na indústria ceramista”, explica o geólogo Marcos Vinicius.
APOIO – Uma das empresas de cerâmica da Baixada Cuiabana é a Del Rey, instalada no Parque do Lago, em Várzea Grande. A exemplo das demais cerâmicas, a produção média mensal da Del Rey é de aproximadamente 500 mil peças de tijolo. O proprietário da empresa, Rodolfo Plothow, foi um dos que liderou o segmento para que se fortalecessem em torno de uma cooperativa (foi o primeiro presidente), processo iniciado em 2002 e que se completou no ano passado com o apoio da Metamat. Segundo Rodolfo, o programa evita que o mercado receba produtos de qualidade inferior e fora das especificações técnicas.
“É um programa excelente, pois além de garantir o crescimento da qualidade do produto, afasta a concorrência desleal, que trazia produtos de qualidade ruim enganando o consumidor”, diz Rodolfo. Segundo os parâmetros da ABNT, um tijolo deve ter de 18cm a 20cm de cumprimento e altura e largura de 9cm a 10 cm. Concorrentes desleais colocavam no mercado produtos com especificações inferiores (entre 17cm e 18cm de cumprimento por largura de 8cm) causando prejuízo ao consumidor.
Com produção média anual estimada em 400 milhões de peças, a produção mato-grossense precisa de mais investimentos para suprir a demanda, principalmente no fornecimento de telhas. Na Baixada Cuiabana, apenas três cerâmicas produzem hoje uma média mensal de 2,5 milhões de telhas, insuficiente para atender ao mercado que precisa importar cerca de 80% do que é utilizado. “Nossa argila é a melhor, mas ainda faltam exames de laboratórios no material”, diz Rodolfo. Para incentivar o aumento da produção, o governo do Estado poderá financiar projetos de expansão através de vários programas, como o do Prodeic (Programa de Desenvolvimento da Indústria e Comércio) da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) e de linhas de crédito da Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso (MT Fomento).
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