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Internacional
Sexta - 24 de Dezembro de 2004 às 21:43

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Em um clima de austeridade e com pouca presença de peregrinos começaram nesta sexta-feira as festas do Natal em Belém, com a chegada à cidade do patriarca latino de Jerusalém, Michel Sabbah.

Entre mil e 1.500 pessoas receberam Sabbah, que realizou o tradicional trajeto entre a cidade velha de Jerusalém e Belém, separadas por seis quilômetros.

Em seguida, o patriarca entrou na igreja de Santa Catalina depois de atravessar a praça da Manjedoura de Belém escoltado por um grupo de escoteiros.

Sabbah celebrará à meia-noite de hoje a Missa do Galo, que será transmitida para o mundo inteiro pela televisão palestina da igreja de Santa Catalina, pertencente à ordem franciscana, custódia dos lugares santos há mais de 800 anos.

Ao contrário dos três anos anteriores, nesta véspera de Natal não haverá uma cadeira na igreja com o tradicional lenço que cobria a cabeça de Yasser Arafat.

Assim informou à EFE o padre Artemio Vítores, que manifestou: "Nossa decisão é que esta noite não tem que haver essa cadeira, porque Belém é o berço de Jesus e queremos deixar a política de lado".

O franciscano, natural da cidade espanhola de Palencia, acrescentou que "a cadeira tinha sua razão de ser em anos anteriores", em solidariedade a Arafat, que tinha sido confinado por Israel em seus escritórios da cidade de Ramala, mas que "essa razão já deixou de existir".

No entanto, o presidente interino da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Rauhi Fattouh, o primeiro-ministro, Ahmed Qorei, o presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmoud Abbas (Abu Mazen), e o prefeito de Belém, Hana Nasser, entre outras personalidades, comparecerão ao ato religioso.

Os cônsules gerais de Espanha, França, Itália e Bélgica terão um lugar de honra na missa por serem países protetores da Terra Santa.

Após a tradicional missa será colocada uma imagem de Jesus na basílica da Natividade, que pertence a monges greco-ortodoxos. A figura será depositada na gruta da Natividade, à qual se chega descendo alguns degraus do andar da basílica, onde uma estrela de grandes dimensões, iluminada por velas, indica o lugar preciso no qual, segundo a tradição, nasceu Jesus.

Sabbah manifestou esta semana que "Belém se converterá em uma grande prisão", ao citar o muro de separação que Israel constrói nas margens do distrito.

Segundo dados da ONU, o distrito está cercado por 78 obstáculos físicos, entre eles dez postos de controle militares e 55 montanhas de terra, além de blocos de concreto que constituem o muro. "Belém pertence ao mundo, ao mundo cristão, este muro deve acabar", afirmou o prefeito da cidade, Hana Nasser.

Enquanto isso, autoridades israelenses informaram hoje que 5 mil turistas e peregrinos pretendem visitar Belém durante as festas de Natal. No entanto, há maior presença de camponeses e meios de comunicação do que de turistas.

"A verdade é que não vejo muitos turistas pela região, o que se pode ver basicamente são membros da comunidade local e de outros pontos da Cisjordânia, jornalistas e alguns estrangeiros", declarou à EFE a palestina Rania Malkian, organizadora do programa natalino do Centro da Paz, situado na praça da Manjedoura.

"Acho que o futuro é mais promissor que em outros anos e realmente esperamos que depois das eleições (presidenciais palestinas) a situação mude e possamos chegar à paz", conclui Malkian, que explicou que vários coros religiosos locais e dois grupos estrangeiros cantarão hoje no palco colocado para a ocasião junto à basílica da Natividade.

Um oficial da polícia de turismo disse que a situação em Belém continua sendo a mesma que em anos anteriores, com a ressalva de que as tropas israelenses não circulam pelas ruas.

"Belém está aberta ao mundo e insistimos que é um lugar seguro", disse o oficial, que mostrou-se cético sobre os números de uma chegada em massa de turistas à cidade.





Fonte: afe

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