Ucranianos encerram campanha para novo 2º turno

O líder opositor Viktor Yushchenko e o primeiro-ministro Viktor Yanukovich encerram hoje a campanha eleitoral para seu terceiro confronto nas urnas, no próximo domingo, quando será repetido o segundo turno do pleito presidencial na Ucrânia. Pela legislação eleitoral do país, os dois candidatos devem terminar a campanha até a meia-noite de hoje para que os eleitores tenham um dia de reflexão antes de votar.

"A Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia expressa sua convicção de que os cidadãos do país mostrarão uma elevada consciência cívica e farão livremente sua opção, o que terá grande importância para o fortalecimento dos princípios democráticos", afirma uma declaração aprovada hoje pelo Legislativo.

As pesquisas apontam Yushchenko como claro favorito para ganhar a repetição do segundo turno, convocado depois de o Tribunal Supremo da Ucrânia ordenar a anulação, devido às fraudes, dos resultados do pleito do dia 21 de novembro. Segundo os resultados oficiais cancelados pelo Supremo, o vencedor das eleições foi o primeiro-ministro Yanukovich, com uma vantagem de 800 mil votos, em um universo de aproximadamente 30 milhões de pessoas que foram às urnas.

Yanukovich, que no primeiro turno das eleições presidenciais perdeu para Yushchenko por estreita margem, disse ser "ilegal" a decisão do Supremo, mas aceitou participar da repetição do segundo turno. Para ele, a decisão do tribunal de mais alta instância do país foi adotada em meio a pressões ilegítimas, em alusão à campanha de resistência civil pacífica lançada pela oposição e conhecida como "revolução laranja".

Yanukovich, cujos redutos eleitorais ficam no sudoeste do país, onde prevalece a população de fala russa, deve realizar na tarde de hoje um showmício na Praça da Glória, na capital, Kiev, onde foram realizados atos pró-Yushchenko durante as três semanas da "revolução laranja".

De acordo com um sorteio prévio, o primeiro-ministro falará hoje ao país pela Rádio Nacional da Ucrânia, enquanto o líder da oposição terá um espaço de meia hora no canal 1 de televisão, de propriedade estatal.

Os parlamentares classificaram de "inaceitáveis as tentativas de desestabilizar a situação durante as eleições", e exortaram os membros das Forças Armadas e de Segurança a "não se deixarem arrastar por provocações e a manter um apego estrito à Constituição e às leis da Ucrânia".

No entanto, alguns comentaristas locais apontam a possibilidade de as denúncias de fraude virem desta vez dos partidários de Yanukovich, que pode não reconhecer os resultados das eleições e convocar uma campanha de desobediência civil, ou "revolução azul e branca", em alusão às cores da campanha do primeiro-ministro.

Segundo a oposição, Yushchenko ganhará com uma vantagem de 16 pontos percentuais. Pesquisa do Instituto de estudos sociais mostrou o líder opositor com 49,4% das intenções de voto e Yanukovich com 39%. A Comissão Eleitoral Central da Ucrânia disse que mais de 7 mil observadores internacionais já se inscreveram para garantir a transparência das eleições, e esse número ainda deve aumentar no tempo que resta para o pleito.