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Terceiro setor se multiplica no Estado
A partir da década de 70, associações, conselhos e centros comunitários começaram a pipocar pelo país preenchendo os espaços em branco deixados pelo Estado na vida cotidiana. Gente querendo dar sua cota de contribuição social e embarcando no lema “faça a sua parte”.
Recursos privados, finalidade pública. Antes sinônimo apenas de trabalho voluntário, hoje o terceiro setor se destaca pelo nível de organização e pelas taxas de crescimento e empregabilidade.
Em Mato Grosso não poderia ter sido diferente: hoje, existem 4.614 entidades sem fins lucrativos, autônomas e voluntárias. As informações, divulgadas pelo IBGE neste mês, formam um mapa das organizações não-governamentais no país.
Os números representam uma reação da sociedade à falta de políticas públicas nas áreas de justiça, educação, segurança, saúde, meio ambiente e direitos humanos. A estatística revela também a busca por outros caminhos.
O crescimento maior se deu a partir da década de 90: 62% das entidades do país foram criadas nesse período, ou seja, após a constituição “cidadã”, de 88. No Brasil, elas saltaram de 105 mil, em 1996, para 276 mil, em 2002.
Das 4.614 ong´s no Estado, 1.202 são da área de educação e 499 atuam em questões ligadas a direitos humanos, como o Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade.
A entidade foi fundada oficialmente em 1984 por um grupo ligado às igrejas católica e luterana. “A preocupação na época era a violência do próprio Estado, a violência da polícia, a violência no campo e a ocupação de terras”, relata o coordenador do centro, Teobaldo Witter.
Foi difícil trabalhar naquela época. “Vivíamos ainda no regime militar. Era quase proibido falar em direitos humanos. No caso da “Toalha Azul”, os colegas se reuniram dois dias antes de uma entrevista para medir todas as palavras (...) dependendo do que falassem, as informações iam lá para Brasília, no SNI (Serviço Nacional de Informações)”, conta. O nome surgiu do assassinato de um líder de posseiros na região de Campo Verde. Os abusos por parte da polícia e os crimes cresciam. Por isso, dentro do Centro foi criada a Associação de Familiares de Vítimas de Violência.
Com a Constituição de 88, o papel da entidade mudou. A partir da criação do Ministério Público e das defensorias, o Centro começou a atuar mais na educação. “A nossa pergunta é como a gente pode trabalhar para que o povo possa reivindicar os seus direitos”, explica.
A entidade não possui funcionários e vive de doações. Teobaldo acredita que ainda falta muita conscientização. “Há uma crise filosófica. As pessoas acham que é normal e natural que uns tenham mais que os outros. As pessoas acham normal pagar impostos e mais impostos e que o Estado não reverta isso da mesma forma”, afirma. Para ele, o desrespeito aos direitos humanos pode ser medido na proporção das desigualdades. “Se a gente trabalha para o desenvolvimento, tem direito a ter acesso aos benefícios desse desenvolvimento”, disse.
Recursos privados, finalidade pública. Antes sinônimo apenas de trabalho voluntário, hoje o terceiro setor se destaca pelo nível de organização e pelas taxas de crescimento e empregabilidade.
Em Mato Grosso não poderia ter sido diferente: hoje, existem 4.614 entidades sem fins lucrativos, autônomas e voluntárias. As informações, divulgadas pelo IBGE neste mês, formam um mapa das organizações não-governamentais no país.
Os números representam uma reação da sociedade à falta de políticas públicas nas áreas de justiça, educação, segurança, saúde, meio ambiente e direitos humanos. A estatística revela também a busca por outros caminhos.
O crescimento maior se deu a partir da década de 90: 62% das entidades do país foram criadas nesse período, ou seja, após a constituição “cidadã”, de 88. No Brasil, elas saltaram de 105 mil, em 1996, para 276 mil, em 2002.
Das 4.614 ong´s no Estado, 1.202 são da área de educação e 499 atuam em questões ligadas a direitos humanos, como o Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade.
A entidade foi fundada oficialmente em 1984 por um grupo ligado às igrejas católica e luterana. “A preocupação na época era a violência do próprio Estado, a violência da polícia, a violência no campo e a ocupação de terras”, relata o coordenador do centro, Teobaldo Witter.
Foi difícil trabalhar naquela época. “Vivíamos ainda no regime militar. Era quase proibido falar em direitos humanos. No caso da “Toalha Azul”, os colegas se reuniram dois dias antes de uma entrevista para medir todas as palavras (...) dependendo do que falassem, as informações iam lá para Brasília, no SNI (Serviço Nacional de Informações)”, conta. O nome surgiu do assassinato de um líder de posseiros na região de Campo Verde. Os abusos por parte da polícia e os crimes cresciam. Por isso, dentro do Centro foi criada a Associação de Familiares de Vítimas de Violência.
Com a Constituição de 88, o papel da entidade mudou. A partir da criação do Ministério Público e das defensorias, o Centro começou a atuar mais na educação. “A nossa pergunta é como a gente pode trabalhar para que o povo possa reivindicar os seus direitos”, explica.
A entidade não possui funcionários e vive de doações. Teobaldo acredita que ainda falta muita conscientização. “Há uma crise filosófica. As pessoas acham que é normal e natural que uns tenham mais que os outros. As pessoas acham normal pagar impostos e mais impostos e que o Estado não reverta isso da mesma forma”, afirma. Para ele, o desrespeito aos direitos humanos pode ser medido na proporção das desigualdades. “Se a gente trabalha para o desenvolvimento, tem direito a ter acesso aos benefícios desse desenvolvimento”, disse.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/362668/visualizar/
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