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Economia
Sexta - 24 de Dezembro de 2004 às 07:52
Por: Mariana Peres

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Os primeiros hectares brasileiros de soja da safra 04/05 começaram a ser colhidos em Mato Grosso, em lavouras localizadas no município de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá). Os trabalhos no campo foram iniciados há cerca de duas semanas. O pico de colheita acontecerá em 20 dias. Estima-se que nesta safra poucos produtores se aventuraram a plantar a oleaginosa em um período de chuvas escassas. Dos 200 mil hectares (ha) cultivados no município, aproximadamente 500/ha devem ter sido cobertos com a variedade super- precoce.

A liderança na produção do grão é uma tradição na região, que inicia o plantio ainda em setembro, utilizando uma variedade de ciclo de 90 dias, chamada de super precoce. Mas o mercado está quebrando a tradição. Esta safra de ciclo curto também sofre com a elevação dos custos de produção e a acomodação dos preços internacionais da commoditie.

A soja super precoce, ganha em tempo de maturação e perde em produtividade, comparando com um ciclo normal e diferença é de até 10 sacas. Com uma equação, a princípio desfavorável ao produtor, o plantio da variedade era bem visto, pois ofertando soja de safra nova, ainda durante a entressafra brasileira, os sojicultores mato-grossenses conseguiam uma valorização na cotação de cerca de 20%. Mas neste final de ano, ninguém está pagando este diferencial na saca da nova safra nacional, as esmagadoras estão estocadas e vale o preço atual do mercado, em torno de R$ 26, cotação para a região.

Os primeiros grãos da safra 03/04 saíram das lavouras do produtor Leandro Mussi, também de Lucas do Rio Verde. Ele abandonou a "poleposition" nesta safra em função dos custos. "Neste mesmo período do ano passado, pagava-se pela saca precoce cerca de R$ 40 e hoje, o preço é igual, ficando com muita luta, em R$ 26. Na contramão, os custos de produção por hectare, de um ano para outro, aumentaram em pelo menos US$ 100", exclama.

Mussi adotou como estratégia, segurar um pouco mais o plantio, para no final ganhar em produtividade, "é isso que vai fazer a diferença neste ano safra", justifica. Com a soja mais barata é preciso fazer mais volume e isso "só se resolve com a produtividade". A colheita de seus 15 mil/ha de soja terá início no dia 10, "período em que a maior parte dos produtores estará colhendo, pouco gente plantou cedo nesta safra".

O produtor manteve as áreas de soja e algodão inalteradas, 15 mil/ha e 1,4 mil/ha, respectivamente, em função de compromissos assumidos anteriormente, mas em compensação, ampliou a orizicultura de 200 ha para cinco mil, apostando em uma melhor performance do mercado para o arroz.

Segundo o produtor Ronaldo Cesário, as primeiras colheitas da safra 04/05 estão obtendo, em média, produtividades entre 43 e 45 sacas/ha, "volume que não cobre os custos de produção. Quem plantou na frente, sabia que estava arriscando, pois ainda em setembro, as chuvas estão mais escassas e o solo sem umidade ideal. A esperança era de obter preços melhores durante a entressafra para compensar os investimentos na lavoura".

Ele frisa ainda que não há tendência de melhora dos preços, "a super produção mundial e a desvalorização do câmbio vão exigir muita criatividade do produtor".




Fonte: Diário de Cuiabá

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