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Internacional
Quarta - 22 de Dezembro de 2004 às 21:58

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Os jornalistas franceses Christian Chesnot e Georges Malbrunot, que voltaram nesta quarta-feira para a França após passar quatro meses seqüestrados no Iraque, viveram momentos "às vezes muito difíceis", mas não foram maltratados nem perderam a esperança.

"Não perdemos a esperança. Vivemos uma experiência difícil, às vezes muito difícil. Éramos dois e conseguimos fazer nossos seqüestradores entenderem que não éramos pró-americanos", disse Malbrunot para os aproximadamente 300 jornalistas que foram cobrir sua volta para a França.

Chesnot e Malbrunot, libertados ontem após passar 124 dias nas mãos do "Exército Islâmico no Iraque", chegaram em torno das 18.30 hora local (15.30 de Brasília) à base militar de Villacoublay , nos arredores de Paris, vindos do Chipre, a bordo de um Falcon 900, onde o chefe da diplomacia francesa, Michel Barnier, foi buscá-los nessa manhã.

Outro avião, um C-130 Hércules da Aeronáutica, tinha tirado os jornalistas de Bagdá ao amanhecer e levado os dois para o Chipre, onde fizeram uma breve escala antes de seguir rumo a Paris.

Com aspecto saudável, embora mais magros e com o cabelo mais comprido que nas fotos publicadas na imprensa francesa durante seu cativeiro, os jornalistas foram recebidos calorosamente por suas famílias, pelo presidente francês, Jacques Chirac, pelo primeiro- ministro, Jean-Pierre Raffarin, e pelos ministros da Defesa, Michele Alliot-Marie, e da Cultura, Renaud Donnedieu de Varbres.

Após assegurar que sempre mantiveram a esperança na "ação das autoridades francesas" e que tentavam ser "cartesianos", Chesnot e Malbrunot reconheceram que houve momentos "psicologicamente difíceis".

O dia 8 de novembro foi talvez o pior dia de seu cativeiro, no mais longo dos seqüestros registrados até o momento no Iraque.

Um dos seqüestradores "nos explicou que nossa situação era crítica, que os franceses estavam parados e que nossa vida estava ameaçada. Disseram para nós que tratásemos de convencer nosso governo a encontrar uma solução", disse Chesnot.

Também não foram fáceis as mudanças de um esconderijo para outros. Segundo Malbrunot, eles mudaram de cativeiro pelo menos cinco vezes, mas nenhum deles estava em Faluja, como dizia a imprensa hoje.

Malbrunot foi extremamente crítico com o deputado da UMP (do governo) Didier Julia, que no final de setembro fez uma operação paralela para libertá-los, uma ação própria de "impostores e mitômanos".

"Ele jogou com a vida de dois compatriotas e só merece desprezo", disse Malbrunot, que, da mesma forma que Chesnot, considerou "inesperada" sua libertação ontem em Bagdá.

Foi Malbrunot, que encerrou a breve entrevista à imprensa com uma saudação em árabe, o primeiro a descer do avião que trouxe os jornalistas de volta à França, seguido de Chesnot.

Os dois abraçaram suas respectivas mães e depois foram cumprimentando os outros familiares.

Após permanecerem em segundo plano, o presidente francês, Jacques Chirac, aproximou-se dos jornalistas para cumprimentá-los e os receber oficialmente em sua chegada à França, sob a chuva e com um frio intenso.

Chesnot e Malbrunot ficaram esta noite à disposição da Direção Geral da Segurança Exterior (DGSE, espionagem), que os levou para um local não revelado para serem submetidos a exames médicos e interrogados.

A partir de amanhã, um dia antes da véspera de natal, os dois jornalistas poderão comemorar com suas famílias, enfim, a volta para casa.

Os especialistas concordam que eles precisarão de muitos dias e até meses para se readaptarem, depois do trauma e da tensão vivida.

Restam agora várias perguntas no ar: Por que foram seqüestrados por tanto tempo? Por que foram libertados ontem? Foi pago um resgate?

Esta última pergunta foi respondida hoje com um taxativo "não" de Raffarin.

É preciso diferenciar "entre o que um primeiro-ministro pode dizer e o que está obrigado a guardar em reserva ou sigilo", disse o presidente da centro-liberal UDF, François Bayrou, semeando a sombra da dúvida.

Por isso, o líder da oposição, o socialista François Hollande, pediu ao governo conservador que informe ao Parlamento sobre as condições da libertação.




Fonte: Agência EFE

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