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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quarta - 22 de Dezembro de 2004 às 15:58

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Um estudo promovido pelo governo americano colocou o popular analgésico naproxeno sódico, vendido no Brasil com o nome Flanax, sob suspeita de aumentar o risco de problemas cardiovasculares. Em quatro meses, este é o quarto antiinflamatório sobre o qual surgem indícios deste tipo.

As notícias vêm mexendo com o gigantesco mercado de remédios para dor - e analistas apostas em queda significativa nas vendas de remédios citados nas pesquisas. Um deles, o Vioxx, foi retirado do mercado, em setembro. No caso do naproxeno, porém, o alerta atravessa um momento ainda mais delicado: a negociação de compra de uma divisão da Roche pela Bayer.

Nos EUA, o naproxeno sódico é fabricado e vendido pelos dois laboratórios. No Brasil, o Flanax é da Roche. Bem como o Naprosyn, forma menos conhecida do naproxeno, vendida com receita médica. Mas, em 1º de janeiro, a divisão de Consumer Care da Roche deve passar às mãos da Bayer - e com ela a responsabilidade pelo remédio em todas as suas apresentações, no mundo inteiro. Nem Bayer, nem Roche estão comentando diretamente os resultados da pesquisa por enquanto.

"Estamos investigando o caso, entretanto, estamos de acordo com a recomendação da FDA (agência reguladora dos EUA) de que os consumidores devem seguir com atenção as instruções contidas na bula", disse, num comunicado, o gerente de comunicação empresarial da Bayer no Brasil, Eckart-Michael Pohl.

A pesquisa, promovida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, investigava a possibilidade de antiinflamatórios não-esteróides prevenirem o mal de Alzheimer em pessoas com 70 anos ou mais e histórico familiar da doença. O teste começou em 2001 e foi suspenso depois que "indicou um aparente aumento em eventos cardiovasculares e cérebro-vasculares entre pacientes tomando naproxeno sódico, comparados àqueles que tomavam placebo", informaram os Institutos, num comunicado. Segundo o jornal "The New York Times", a elevação do risco foi de 50%.

Na pesquisa, 2.400 voluntários tomavam naproxeno sódico (220 miligramas duas vezes ao dia), celecoxib (Celebra, da Pfizer; 200 miligramas duas vezes ao dia) ou placebo. O estudo não encontrou elevação de risco no uso do Celebra (vendido nos EUA como Celebrex), mas os institutos reconheceram que uma descoberta deste tipo em outra pesquisa com o remédio - sobre câncer e cuja suspensão foi anunciada na semana passada - pesou na decisão de parar o teste.

As apresentações, doses e tempo de uso considerados nos estudos são maiores do que as empregadas no uso rotineiro desses remédios. Mas, nesta terça-feira, a FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA, emitiu um alerta sobre a forma de naproxeno sódico vendida sem receita médica - nos EUA, chama-se Aleve; no Brasil; poderia equivaler ao Flanax 275 miligramas.

A agência "aconselha pacientes que estão tomando produtos de naproxeno sódico que dispensam receita médica que sejam cuidadosos ao seguir as instruções na embalagem". "Os pacientes não devem exceder as doses recomendadas (220 miligramas duas vezes ao dia) e não devem tomar por mais de dez dias, a menos que o médico diga o contrário."

Na semana passada, a FDA pedira a interrupção da publicidade do Celebrex nos EUA - o que a Pfizer acatou.

A tormenta no mercado de antiinflamatórios começou em setembro, com o Vioxx, que foi retirado do mercado, por decisão do fabricante, a Merck. Os outros que estão sob suspeita de causar problemas cardíacos são Celebra e o Bextra, também da Pfizer.

Os três são inibidores de COX-2, uma classe de analgésico que chegou ao mercado nos anos 90, prometendo aliviar a dor sem causar os problemas gástricos que outros antiinflamatórios causavam.

O Flanax, porém, não é. Trata-se de antiinflamatório não-esteróide comum, a que pertence à Aspirina - que é conhecida também por prevenir problemas do coração.




Fonte: Globo Online

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