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Economia
Quarta - 22 de Dezembro de 2004 às 11:29
Por: Mariana Peres

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Nos últimos quatro anos, o agronegócio estadual recebeu R$ 6,2 bilhões em investimentos. Máquinas, equipamentos e armazéns foram adquiridos pelos produtores e três milhões de hectares (ha) incorporados, sendo 60% de novas áreas e 40% de recuperação de pastagens. Mesmo assim, sustentando a economia estadual, as projeções para 2005 não são positivas. A perda de rentabilidade do produtor poderá desencadear uma crise. E por mais um ano, os recursos federais vão estar aquém das necessidades.

Em uma conversa informal com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, no último domingo, em São Paulo, em um evento da Associação Nacional de Criadores de Nelore (ACNB), o secretário de Desenvolvimento Rural e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Homero Pereira, ouviu do ministro que dificilmente a emenda do senador Jonas Pinheiro (PFL/MT), que pretende garantir mais R$ 2 bilhões para o setor brasileiro será aprovada. "Pelo tom da conversa, acho que esta suplementação não virá. Deveremos (produtores brasileiros) ficar apenas R$ 500 milhões para 2005", avalia.

Outra esperança que Pereira tinha de conseguir minimizar os efeitos da crise a partir das duas próximas safras seria a aprovação do projeto de Biossegurança, ou seja, a liberação do plantio de variedades geneticamente modificadas, "estamos nos últimos dias do ano e pelo visto esta questão urgente será empurrada para o ano que vem, mais uma vez", lamenta o secretário.

Pereira avalia os desdobramentos da Carta de MT, como satisfatórios até o momento. Em uma reunião em novembro, o setor produtivo, com participação de representantes nacionais, elaborou um documento com sugestões ao governo Federal para amortecer os impactos da crise na agricultura. Com o descasamento entre receita e despesa, cerca de R$ 500 milhões em parcelas a vencer em 2005, entre financiamentos do Fundo Constitucional (FCO) e Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), poderão ficar sem pagamento.

"Nesta conversa, o ministro afirmou que a área econômica do Governo está ciente da Carta e está fazendo simulações para mensurar o impacto de uma prorrogação de pagamento destas dívidas. Segundo Rodrigues, o presidente ordenou que todas as medidas sejam tomadas para não prejudicar o setor que mais sustenta a economia brasileira", reporta.

Ainda sim, cumprindo sua vocação agrícola, a produção e a área plantada aumentam nesta safra e vão totalizar cerca de 7,2 milhões/ha, contra 6,7 milhões/ha do ciclo passado. O agronegócio representa 70% da arrecadação estadual.

"Apesar de manter um crescimento, temos um problema de desequilíbrio financeiro na produção desta safra. Como exemplo temos a soja. O custo de produção de uma saca é de US$ 8,50 e o preço atual do mercado é de US$ 8,50, isso levando em consideração uma produtividade de 55 sacas/ha. Na melhor das hipóteses, empatamos despesa e receita, mas e a conta dos financiamentos contraídos nos últimos quatro anos, como serão honradas?", questiona.




Fonte: Diário de Cuiabá

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