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Nacional
Quarta - 22 de Dezembro de 2004 às 01:25
Por: Eduardo Kathah

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Belo Horizonte - Cidade que se tornou símbolo do Programa Fome Zero, Itinga, no Vale do Jequitinhonha mineiro, está vivendo uma situação de abandono administrativo. Conforme denúncias de moradores e servidores municipais, o prefeito do município, Heitel Roberto Rodrigues Pego (PL), literalmente abandonou suas funções desde que não conseguiu se reeleger no pleito de outubro. O vice-prefeito, Sebastião de Jesus Ribeiro, também já não é mais visto na cidade.

A maioria dos prédios públicos estão fechados, com água e luz cortados. "A cidade está um desastre. Os prédios públicos estão sem energia há meses. Está tudo abandonado. Sempre morei em Itinga, mas nunca vi uma coisa dessa", desabafa Agnaldo Campos Filho, de 40 anos. "Tomamos conhecimento dos fatos e instauramos um inquérito civil público", informou o promotor Leonardo Barreto, do Ministério Público de Araçuaí, comarca à qual pertence Itinga. "Todos os indícios são fortes, mas estamos aguardando as conclusões das investigações para tomar qualquer medida judicial".

Segundo Barreto, pesam ainda contra o prefeito acusações de atrasos de salários, desvio de verbas para obras licitadas e contratação irregular de servidores. O MPE apura a denúncia de que Heitel teria desviado uma verba de cerca de R$ 200 mil proveniente de um convênio assinado entre a prefeitura e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Na semana passada, o promotor solicitou por ofício que o prefeito compareça à Promotoria de Araçuaí para prestar esclarecimentos sobre as acusações. O prazo de dez dias termina no final da semana. "O apelido que deram para ele lá é ´Sombra´, porque ele nunca está na cidade", comenta Barreto. Heitel e seu vice não foram localizados pelo Estado para falar sobre as acusações. O prefeito eleito, Charles Azevedo Ferraz (PT), também não foi encontrado.

Dona de um dos piores índices de desenvolvimento humano do País, Itinga, de 14 mil habitantes, foi uma das três cidades visitadas por Lula e comitiva de ministros em janeiro de 2003, quando o presidente decidiu levar o seu primeiro escalão para ver a fome de perto. O município mineiro foi beneficiado com a construção de uma ponte para a travessia do rio que o corta no meio. Lula esteve novamente na cidade para a inauguração da obra. "Com a ponte, era para tudo ter melhorado, mas que nada. A cidade continua abandonada. Aqui parece o fim do mundo", reclama Agnaldo.




Fonte: Agência Estado

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