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Novo contrato de teles debate metas e interconexão
O ano de 2005 para o setor de telecomunicações será de intensas discussões em torno da prorrogação dos contratos de concessão de telefonia fixa por 20 anos a partir de janeiro de 2006. A redução das tarifas de uso de redes e o financiamento das novas metas de universalização estarão no centro das atenções e pressões políticas.
Até dezembro de 2005, as concessionárias resultantes da privatização da Telebrás, realizada em 1998, terão que assinar seus contratos definitivos com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
No final de 2003, Telemar, Telefônica, Brasil Telecom e Embratel chegaram a manifestar por carta o interesse em continuar prestando o serviço. Mas só ao longo de 2005 serão definidos pontos cruciais dos contratos, de tal forma que fique assegurado o "equilíbrio econômico-financeiro" das operadoras.
Seguindo o decreto do ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira que definiu o estímulo à "competição ampla, livre e justa" como política para o setor, a Anatel prepara um novo modelo de remuneração de uso das redes de telefonia, a chamada "interconexão". Isso levará a uma redução nos valores recebidos pelas donas das redes locais.
"A política pública está certa quando quer aumentar a competição, diminuindo o custo de monopólio de rede", afirmou à Reuters o diretor-executivo de Assuntos Regulatórios da Embratel, Luiz Tito Cerasoli. A Embratel, assim como GVT e Intelig, é concorrente das operadoras locais nesse segmento.
Já o vice-presidente de Planejamento Estratégico da Telefônica, Eduardo Navarro, questionou recentemente o benefício que o consumidor terá com a redução em alguns centavos das tarifas de interconexão. Ele sugeriu que a Anatel aproveitasse a "grande oportunidade" de definição dos termos dos contratos para, por exemplo, direcionar a diferença nas tarifas de interconexão para o financiamento de novas metas de inclusão digital - ou seja, a universalização do acesso à Internet. Para garantir a equação econômica poderia ser adotado até um "sobrepreço" à interconexão.
Embora as regras gerais para os próximos contratos sejam explícitas sobre a obrigatoriedade de as concessionárias assumirem os gastos de cumprimento das metas de universalização, existe abertura legal para que a Anatel defina fontes de financiamento se exigir "metas complementares" -- o que seria o caso da inclusão digital.
O consultor e ex-presidente da Anatel Renato Navarro Guerreiro vai até mais longe. Ele acredita que as concessionárias de telefonia fixa têm direito à discriminação de uma fonte de recursos para as metas de universalização que já eram previstas. E a fonte provável seria - de novo - um valor de interconexão adicional.
"O que se discute é que falta identificar fonte para o plano de universalização", disse Guerreiro à Reuters. "Investimentos que não possam ser compensados, têm que ter fonte de financiamento", completou, dizendo ser essa uma demanda geral das operadoras. Procuradas para comentar a prorrogação dos contratos, Brasil Telecom e Telemar não se manifestaram.
O argumento de Guerreiro é que a Anatel chegou a acenar com a possibilidade de amenizar algumas metas de universalização - por exemplo, a distância entre telefones públicos, que passaria de 300 para 500 metros - como forma de compensar as concessionárias. "Com esses ganhos, elas complementariam a receita para cumprir as metas", comentou.
O consultor, que integrava o governo Fernando Henrique Cardoso quando foi privatizada a Telebrás, argumenta que apenas os gastos com as metas de universalização do contrato que vence este ano foram descontados das propostas de compra da antiga estatal. Para o diretor da Embratel, que foi colega de Guerreiro no Conselho Diretor da Anatel, as operadoras já contabilizaram todos os gastos até 2025 lá atrás na privatização.
Até o final de 2005, as concessionárias terão que se preparar para instalar pelo menos um telefone público nas localidades com mais de cem habitantes e passar a atender em uma semana pedidos por linhas individuais nas áreas que tiverem acima de 300 moradores.
Além de continuar atendendo a essas metas a partir de 2006, já sob o novo contrato de concessão, as operadoras terão também que instalar em 30 dias o "Acesso Individual de Classe Especial" (Aice), formato popular de linha particular que pode ter uso comunitário com cartões pré-pagos. De 2007 em diante, as concessionárias terão que montar Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs).
O consultor e ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros encara com naturalidade o movimento das concessionárias locais nesta fase de definição dos termos dos contratos. "Elas estão se movendo para ver se se reorientam", afirmou à Reuters. "Está todo mundo atacando as concessionárias. Elas são fortes, vão continuar assim por muito tempo, mas vão perdendo margens", disse.
Até dezembro de 2005, as concessionárias resultantes da privatização da Telebrás, realizada em 1998, terão que assinar seus contratos definitivos com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
No final de 2003, Telemar, Telefônica, Brasil Telecom e Embratel chegaram a manifestar por carta o interesse em continuar prestando o serviço. Mas só ao longo de 2005 serão definidos pontos cruciais dos contratos, de tal forma que fique assegurado o "equilíbrio econômico-financeiro" das operadoras.
Seguindo o decreto do ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira que definiu o estímulo à "competição ampla, livre e justa" como política para o setor, a Anatel prepara um novo modelo de remuneração de uso das redes de telefonia, a chamada "interconexão". Isso levará a uma redução nos valores recebidos pelas donas das redes locais.
"A política pública está certa quando quer aumentar a competição, diminuindo o custo de monopólio de rede", afirmou à Reuters o diretor-executivo de Assuntos Regulatórios da Embratel, Luiz Tito Cerasoli. A Embratel, assim como GVT e Intelig, é concorrente das operadoras locais nesse segmento.
Já o vice-presidente de Planejamento Estratégico da Telefônica, Eduardo Navarro, questionou recentemente o benefício que o consumidor terá com a redução em alguns centavos das tarifas de interconexão. Ele sugeriu que a Anatel aproveitasse a "grande oportunidade" de definição dos termos dos contratos para, por exemplo, direcionar a diferença nas tarifas de interconexão para o financiamento de novas metas de inclusão digital - ou seja, a universalização do acesso à Internet. Para garantir a equação econômica poderia ser adotado até um "sobrepreço" à interconexão.
Embora as regras gerais para os próximos contratos sejam explícitas sobre a obrigatoriedade de as concessionárias assumirem os gastos de cumprimento das metas de universalização, existe abertura legal para que a Anatel defina fontes de financiamento se exigir "metas complementares" -- o que seria o caso da inclusão digital.
O consultor e ex-presidente da Anatel Renato Navarro Guerreiro vai até mais longe. Ele acredita que as concessionárias de telefonia fixa têm direito à discriminação de uma fonte de recursos para as metas de universalização que já eram previstas. E a fonte provável seria - de novo - um valor de interconexão adicional.
"O que se discute é que falta identificar fonte para o plano de universalização", disse Guerreiro à Reuters. "Investimentos que não possam ser compensados, têm que ter fonte de financiamento", completou, dizendo ser essa uma demanda geral das operadoras. Procuradas para comentar a prorrogação dos contratos, Brasil Telecom e Telemar não se manifestaram.
O argumento de Guerreiro é que a Anatel chegou a acenar com a possibilidade de amenizar algumas metas de universalização - por exemplo, a distância entre telefones públicos, que passaria de 300 para 500 metros - como forma de compensar as concessionárias. "Com esses ganhos, elas complementariam a receita para cumprir as metas", comentou.
O consultor, que integrava o governo Fernando Henrique Cardoso quando foi privatizada a Telebrás, argumenta que apenas os gastos com as metas de universalização do contrato que vence este ano foram descontados das propostas de compra da antiga estatal. Para o diretor da Embratel, que foi colega de Guerreiro no Conselho Diretor da Anatel, as operadoras já contabilizaram todos os gastos até 2025 lá atrás na privatização.
Até o final de 2005, as concessionárias terão que se preparar para instalar pelo menos um telefone público nas localidades com mais de cem habitantes e passar a atender em uma semana pedidos por linhas individuais nas áreas que tiverem acima de 300 moradores.
Além de continuar atendendo a essas metas a partir de 2006, já sob o novo contrato de concessão, as operadoras terão também que instalar em 30 dias o "Acesso Individual de Classe Especial" (Aice), formato popular de linha particular que pode ter uso comunitário com cartões pré-pagos. De 2007 em diante, as concessionárias terão que montar Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs).
O consultor e ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros encara com naturalidade o movimento das concessionárias locais nesta fase de definição dos termos dos contratos. "Elas estão se movendo para ver se se reorientam", afirmou à Reuters. "Está todo mundo atacando as concessionárias. Elas são fortes, vão continuar assim por muito tempo, mas vão perdendo margens", disse.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/363213/visualizar/
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