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Internacional
Terça - 21 de Dezembro de 2004 às 14:41

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Por ano, aproximadamente 20 mil presos são libertados em Nova York mas muito poucos encontram um emprego e se transformam em cidadãos produtivos.

Resolver esse problema é a missão da "Fortune Society".

Fundada em 1967 por David Rothenberg, a "Fortune Society" é uma organização sem fins lucrativos que ajuda a reabilitação de ex-prisioneiros através da capacitação para o trabalho e a assessoria na busca de empregos.

Para os ex-presidiários, entrar novamente na economia é um desafio que costuma resultar em frustrações pois, para a maioria dos empregadores, a dívida social de um criminoso não termina com o tempo passado na prisão.

Muitos ex-prisioneiros têm um nível de educação muito baixo e pouca experiência e qualificação profissional. Quando conseguem um emprego, ganham salários geralmente mais baixos do que a média, além de praticamente não receberem benefícios como o seguro médico e o plano de aposentadoria.

A cidade de Nova York é um dos poucos lugares dos Estados Unidos onde é ilegal discriminar quem procura emprego por seu histórico criminal. Na maioria das vezes, no entanto, é difícil comprovar que a lei é respeitada. Muitos ex-presidiários desconhecem seus direitos ou não denunciam a discriminação.

Neste ano, cerca de 500 ex-prisioneiros pediram ajuda à "Fortune Society". Mais de 125 empregados trabalham na organização, sendo 70% deles ex-presos ou drogados reabilitados e mais de 80%, negros.

Os diretores da instituição garantiram que seus 37 anos de experiência ensinaram que é mais eficaz que seus clientes sejam atendidos por uma equipe com histórico criminoso, pois quem busca ajuda se sentirá mais confortável e confiante ao compartilhar suas experiências.

"Nossa filosofia é simples: os que passam por esta porta e pela do sistema judiciário são pessoas que devem ser valorizadas e assistidas, além de se tornarem responsáveis por suas ações", garante a instituição.

Para fechar 2004, a "Fortune Society" realizou sua quinta exposição anual de arte, chamada "Insider Art: The New Outsider Art", num trocadilho entre "insider" ("recluso") e "outsider" (quem está fora).

A mostra, apresentada na Lab Gallery do Hotel Roger Smith, reuniu 188 obras feitas por presos em 35 estados dos EUA.

Muitos pintaram retratos e imagens inventadas e surrealistas que incluem mulheres. Outros destacaram suas experiências, a fé religiosa, o patriotismo ou a alegria efêmera das visitas familiares.

Mulheres e crianças aladas, águias e condores, todos símbolos de liberdades, povoam o imaginário destes artistas que, por razões de segurança, devem usar café, óleo de bebê, recortes de revistas ou a bebida em pó "Kool-Aid" como substitutos de pigmentos.

Scott South, da Califórnia, apresentou um desenho finamente detalhado de uma cobra que representa os dois grandes aspectos de sua vida. Por um lado, reflete seu amor pela natureza e, por outro, sua "face escura", já que seu comportamento no passado "foi como o de uma cobra".

"Fui perigoso, dissimulado e minhas ações foram perversas. Felizmente, isso já passou e cresci até me transformar em um ser humano melhor", sustenta.

Samuel Harris, que cumpre sentença no Texas, mostrou o desenho "Jesus ainda me ama: um prisioneiro". Segundo ele, sua obra reflete como se sente uma pessoa condenada à prisão perpétua por ter cometido o crime de roubo sem agravantes.

"No roubo, ninguém ficou ferido e sequer foi usada uma arma. Eu só era viciado em drogas e precisava ser tratado. Esta obra me descreve: um prisioneiro sem esperança de vida e sem ter para onde ir", disse.

Harris disse, no entanto, ter encontrado a saída na fé.

"Jesus estava me esperando para descansar minha mente e me focar em seu amor por mim".




Fonte: Agência EFE

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