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Nacional
Segunda - 20 de Dezembro de 2004 às 22:59
Por: Clarissa Thomé

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Rio de Janeiro - A visita dos ministros do Trabalho, Ricardo Berzoini, e da Cultura, Gilberto Gil, na Vila do João, no Complexo da Maré, na tarde de hoje, para lançar programas de qualificação profissional de jovens, teve a permissão do tráfico de drogas local. A informação foi confirmada por Andréa Pena, assessora de imprensa da Ação Comunitária do Brasil, organização não governamental (ong) que sediou o encontro.

"Toda favela tem problema e isso não é nenhum segredo. A direção da ação entrou em contato com a associação dos moradores, explicou a importância da presença dos ministros e pediu a garantia de que não haveria nada", disse. Vans foram disponibilizadas à imprensa para garantir a segurança também de fotógrafos e repórteres. Não havia no local do evento carros das polícias civil, militar ou federal.

O tráfego era orientado por moradores da comunidade. O deslocamento dos ministros no local da cerimônia foi feito com acompanhamento de cerca de 15 jovens com camisas da ACB, com a inscrição "apoio" nas costas. Berzoini negou ter conhecimento de qualquer negociação com o tráfico. " Como é um projeto comunitário, toda a comunidade sabe o significado desse programa para o complexo de favelas. Não existe qualquer tipo de risco, porque sabe-se que a atividade tem a ver com apoio social, qualificação profissional. Não há nenhum tipo de acordo, mas há obviamente um respeito de toda a comunidade".

Berzoini reconheceu que estava sem segurança da Polícia Federal. "Eu vim aqui como eu vou a todo lugar do Brasil: só com minha equipe de assessores". A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança disse que nenhum órgão foi comunicado da presença dos ministros na Vila do João, como costuma acontecer.

Nem a chefia de gabinete do secretário, o 22.º Batalhão da PM (Complexo da Maré) ou a Subsecretaria de Inteligência sabiam do evento na favela. O secretário Marcelo Itagiba não quis comentar o fato. Essa não é a primeira vez que autoridades seguem o ritmo do tráfico em visitas à Maré.

Em maio do ano passado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) esteve na sede a ACB por cerca de quatro horas e teve de deixar o local pouco depois das 18 horas por causa do toque de recolher imposto pelos traficantes com rajadas de tiros de advertência. Antes de deixar o centro, o senador ligou do celular para seu gabinete e disse. "Estou vivo. Não fui seqüestrado". Também ficou famosa a "proteção" dada pelo traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, à equipe do diretor Spike Lee para filmar um clipe de Michael Jackson no Morro Dona Marta, em 1996.




Fonte: Agência Estado

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