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Internacional
Segunda - 20 de Dezembro de 2004 às 12:58

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Macau comemora hoje, segunda-feira, o quinto aniversário de seu retorno à soberania chinesa após 443 anos de domínio português, quinqüênio este dominado pela estabilidade social, por um crescimento econômico forte e por um panorama muito distinto do da vizinha Hong Kong. Em cinco anos, a primeira colônia européia no Extremo Oriente e última a ser devolvida aos asiáticos experimentou um crescimento de 30% no seu PIB, impulsionada pela liberação de seus cassinos, o motor econômico local.

Em 2002, esta península de 450.000 habitantes acabou com o monopólio estatal dos cassinos, regido pelo magnata Stanley Ho, e abriu o setor aos investimentos estrangeiros, atraindo as grandes companhias de jogo de Las Vegas.

Isto, unido ao impulso do turismo de cidadãos chineses, fez o PIB passar de 6,1 bilhões de dólares em 1999 para 7,9 bilhões de dólares em 2003, e a renda per capita aumentar 24%, para 17.800 dólares (frente à de 1.090 dólares na China e à de 28.700 dólares em Hong Kong).

Na área social, o quinqüênio esteve marcado por uma queda nos índices de criminalidade e pela perda de influência das máfias chinesas, algo que muitos atribuem à presença, desde 1999, de mil efetivos do exército chinês de Libertação Popular.

Todo este panorama contrasta com o vivido no mesmo período de tempo por Hong Kong, a outra ex-colônia devolvida à China sob o princípio de "um país, dois sistemas", idealizado pelo pragmático líder chinês Deng Xiaoping.

A população de Hong Kong aproveitou os dois últimos aniversários de sua devolução à China (1º de julho de 2003 e de 2004) para organizar manifestações contra a cada vez maior influência de Pequim em seu território.

Em Macau, os protestos brilharam por sua ausência, o que, segundo os analistas, se deve ao domínio total da China sobre o governo local de Edmund Ho e à capacidade deste de silenciar qualquer voz dissidente.

Um exemplo é o Falun Gong, o grupo neobudista proibido na China mas não em Hong Kong nem em Macau: a organização é bastante tolerada na ex-colônia britânica, mas nem tanto na portuguesa, que inclusive deportou alguns de seus adeptos estrangeiros.

A imprensa independente citou hoje o deputado Ng Kuoc Cheong, uma das poucas vozes críticas em Macau, que destacou que na ex-colônia é "muito difícil" construir uma oposição.

Nos últimos anos, Hong Kong foi afetada por uma recessão econômica que se agravou no ano passado, quando a Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, na sigla em inglês) causou a morte de cerca de 300 habitantes e paralisou a cidade. Só nos últimos meses a ex-colônia inglesa mostrou sinais de recuperação.

Durante a crise da Sars, Macau foi afortunada. Enquanto a epidemia castigava Hong Kong e a vizinha Cantão, a ex-colônia portuguesa se via pouca afetada pela epidemia, chegando a bater seu recorde de turistas no ano (11,89 milhões).

As comparações entre Macau e Hong Kong estiveram presentes hoje nas celebrações, especialmente nos discursos pronunciados pelo presidente chinês Hu Jintao, que visitou a ex-colônia portuguesa pela primeira vez na qualidade de chefe de Estado.

No discurso central, Hu destacou que "na Macau atual a sociedade é estável e pacífica e a economia continua crescendo". Além disso, ele classificou a ex-colônia como uma prova do sucesso da fórmula "um país, dois sistemas".

No entanto, o governante, que se reuniu em Macau com o chefe executivo de Hong Kong Tung Chee-hwa, fez críticas ao governo da ex-colônia inglesa consideradas "sem precedentes" pelos jornais de hoje.

"Seus líderes devem melhorar sua capacidade e suas habilidades para governar, olhar para atrás e ver o que foi mal nos últimos sete anos", desde o retorno de Hong Kong à China, ressaltou o presidente Hu.

Apesar de os analistas terem previsto que Hu falaria de Taiwan durante o aniversário, o presidente não fez menção à "ilha rebelde", na qual Pequim também quer aplicar o princípio de "um país, dois sistemas" no futuro.





Fonte: afe

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