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Segunda - 20 de Dezembro de 2004 às 08:04
Por: Sandra Carvalho

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Um conflito entre trabalhadores rurais do assentamento Cinco Lances, na região da Serra de São Vicente, saída para Rondonópolis, e funcionários da fazenda Bom Jardim resultou na apreensão de quatro revólveres calibre 38 e 24 munições anteontem à noite.

O fato começou quando o sem-terra Cícero Ferreira registrou uma queixa de ameaça na Delegacia Distrital do Coxipó contra funcionários da fazenda Bom Jardim, onde está localizado o assentamento Cinco Lances.

Segundo Cícero, seguranças do proprietário da fazenda estariam tentando retirá-los à força do local, ameaçando-os de morte e até mesmo furtado gado dos assentados.

No sábado, os sem-terra teriam se revoltado com os seguranças, rendido um deles e tomado quatro revólveres, todos de calibre 38, sendo dois de fabricação nacional e dois de origem estrangeira.

“Como sempre vemos o fazendeiro dentro de uma viatura, ficamos com medo de chamar a Polícia Militar”, alegou Cícero, que preferiu contar o fato a agentes da Delegacia do Coxipó.

Quando o grupo de policiais chegou ao assentamento, os sem-terra mostraram os locais, no meio do mato, onde haviam escondido as armas.

Horas depois, uma outra pessoa compareceu à Delegacia Distrital do Coxipó apresentando outra versão para o caso. O braçal Neli Modesto Cândido, funcionário da fazenda Bom Jardim, contou que estava trabalhando com um trator quando cerca de 15 assentados, armados com revólveres e espingardas, invadiram a propriedade e o renderam e outros dois funcionários.

Segundo Neli, o grupo revirou toda a fazenda e furtou três moto-serras, machados, foices, óleo de trator e gasolina. Eles ainda teriam empurrado o braçal com um revólver. Como Neli apresentava uma marca redonda nas costas, semelhante ao cano de uma arma de fogo, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal a fim de ser submetido a exame de lesão corporal.

As pessoas que invadiram a fazenda teriam sido lideradas por um assentado identificado apenas como “Nei”, que teria, inclusive, dado uns tapas no rosto de Neli.

Na Delegacia do Coxipó, o braçal reconheceu Cícero Ferreira e Luiz Mário Taques da Silva como integrantes do grupo de invadiu a Fazenda Bom Jardim, alvo de disputa por pessoas que se dizem trabalhadores rurais sem-terra.

De um lado, os funcionários da propriedade acusando os assentados de roubo e agressão física. De outro, os sem-terra alegando que têm sido ameaçados de morte por pessoas que seriam “pistoleiros” da fazenda, contratados para expulsá-los da área.

Ninguém ficou preso. Como as armas foram entregues pelos assentados, não ficou caracterizado crime de porte ilegal. Ao todo, foram três boletins de ocorrência: um de ameaça, um de lesão corporal e outro de roubo.

A polícia agora está tentando localizar o proprietário da Fazenda Bom Jardim para que a situação seja esclarecida.




Fonte: Folha do Estado

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