Próxima safra deve crescer 21%

Apesar de câmbio (preço do dólar) em queda livre e commodities em baixa no mercado internacional, a produção agrícola do Estado de Mato Grosso terá incremento de 21% na safra agrícola 2004/2005, que deve chegar a quase 28 milhões de toneladas em grãos. É o que aponta o segundo levantamento elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual de crescimento da safra mato-grossense é muito superior à média brasileira de 12,38 %. No Brasil, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas será de 134 milhões de toneladas.

De acordo como diretor-secretário da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Valdir Correa da Silva, dois fatores devem ter influenciado no resultado da expectativa de safra mato-grossense.

O primeiro é o aumento na produtividade, principalmente em relação à produção de soja, carro-chefe da produção agrícola do Estado.

"Os sojicultores vão colher mais nessa safra porque estão mais preparados para combater a ferrugem asiática", observou Silva, sobre o poderoso fungo que dizimou 1,5 milhão de saca de soja na safra anterior.

A expectativa é colher entre 49 a 50 sacas por hectare (ha), equivalente a três mil quilos por ha. No período anterior foram em média 2,6 mil kg/ha.

O segundo fator é a incorporação de novas áreas, que este ano será de 10%, correspondente à cerca de 700 mil hectares, sendo 500 mil abertas e 200 mil recuperadas.

"O produtor ampliou a área quando a soja estava com preços bons. O cenário mudou, porém eles tiveram que plantar porque já tinham preparado a terra e não tinha outra alternativa", frisou o diretor-secretário da Famato.

A oleaginosa terá maior incremento entre os produtos pesquisados ocorrerá na soja. No Brasil aumentará 28,55%, ou 63,2 milhões de toneladas. Mato Grosso deve chegar a 15,9 milhões de toneladas.

O levantamento do Instituto envolve as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, além dos Estados de Rondônia, Bahia, Piauí e Maranhão.

De acordo com a pesquisa, o Rio Grande do Sul será campeão em crescimento, com 68%, seguindo por Mato Grosso do Sul (62%), Santa Catarina (43%), Piauí (30%), Paraná (24%) e Goiás (27%).

Valdir Correa atribui a expressiva elevação da produção da região Sul ao baixo desempenho da atividade na safra passada.

"No Rio Grande do Sul não tem mais espaço para ampliar área, o que deve ter ocorrido é a condição climática. No ano passado o Estado foi acometido por uma forte estiagem, que baixou a produtividade agrícola em torno de 22 sacas por hectare", observou Silva.

A estimativa feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada no início da semana projetou um crescimento um pouco menor na agricultura: a produção nacional de grãos da safra 2004/2005 deve ser de 131,9 milhões de toneladas.