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Economia
Sexta - 17 de Dezembro de 2004 às 15:38
Por: Neusa Baptista

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Produzir conhecimentos sobre as técnicas e os equipamentos mais adequados para a armazenagem de grãos de arroz, milho e feijão e hortaliças, voltados para o pequeno produtor é o objetivo do projeto coordenado pelos pesquisadores Fabrício da Silva e Alexandre Gonçalves Porto, do departamento de Engenharia de Produção Agroindustrial do campus da Unemat em Barra do Bugres.

Um dos subprojetos – que são desenvolvidos com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) - é voltado para a agricultura familiar e fará o diagnóstico do uso de sementes próprias da região de Barra do Bugres, que inclui os municípios de Tangará da Serra, Denise, Porto Estrela e Nova Olímpia. Alexandre Porto explica que, embora os pequenos produtores da região trabalhem em sua maioria com hortaliças, há uma pequena porcentagem que também planta as chamadas ‘grandes culturas’: o arroz, o milho e o feijão. “O objetivo é saber se os produtores estão produzindo e armazenando suas próprias sementes”, explica o professor Fabrício. “Com base nisso, faremos uma pesquisa para avaliar o local e o equipamento mais adequado para o armazenamento, tendo em vista que são proprietários de pequenas extensões de terra que não podem pagar muito.”

ALTERNATIVAS - Diante disso, ele acrescenta que serão também estudadas alternativas de armazenamento mais baratas e eficientes para a agricultura familiar. Isso evitará que o agricultor precise comprar sementes todo ano, pois as sementes são muito caras: uma saca de milho – dependendo da espécie – pode custar entre R$ 18,00 e R$ 23,00. “E nem sempre ele precisa adquirir um saco inteiro, por exemplo: talvez ele precise só de meio saco e essa quantidade não é comercializada.” Entre as alternativas de recipientes para armazenamento estão as bombonas (tambores plásticos de 20 litros) ou até mesmo garrafas do tipo pet que, bem lacradas, impediriam a entrada de fungos e insetos, preservando a semente.

HORTALIÇAS - Outro foco de estudos do grupo é armazenamento de sementes de hortaliças. O primeiro passo será o levantamento dos tipos de sementes cultivadas pelos produtores do chamado ‘cinturão verde’. Após isso, será feito um estudo para constatar o melhor nível de temperatura para o armazenamento desse tipo de semente. “Sementes de hortaliças armazenadas em temperaturas muito altas, por exemplo, têm a sua capacidade de germinação reduzida. Como em Mato Grosso a temperatura é muito alta, esses estudos serão muito úteis para o produtor na hora de adquirir suas sementes.” Ele explica que o objetivo do estudo é observar até que ponto a temperatura influencia no poder de germinação das sementes. Os dados gerados poderão ser utilizados também por empresas comercializadoras de sementes, além de oferecer orientação para o produtor para a aquisição de um produto de qualidade.

“Queremos verificar se a semente que os produtores estão adquirindo está danificada pela forma de armazenamento utilizada pelos comerciantes”, acrescenta o professor Alexandre Porto. Ele observa que, de posse dos dados sobre temperatura, será possível até mesmo orientar os comerciantes do interior do Estado sobre a melhor localização das sementes dentro do estabelecimento. “Nem todos os supermercados do interior possuem ar-condicionado, então a sugestão seria para que eles dispusessem as sementes próximas das câmaras frias ou mesmo que tivessem uma câmara específica para isso”, informa Porto. “Adquirir uma câmara fria também seria uma boa idéia para o próprio produtor interessado em armazenar.”

FRIO - O pesquisador observa que não existem pesquisas sobre armazenamento a frio na agricultura familiar. Ele relata que já realizou estudos sobre esse tipo de armazenagem em relação à soja, com grandes quantidades, e que a estratégia funcionou. “Há empresas que trabalham com grãos e os armazenam em temperaturas de até 12 °C, principalmente aquelas que não serão comercializadas imediatamente.”

De acordo com o pesquisador, o auxílio para o projeto, fornecido pela Fapemat, está sendo utilizado para a compra de equipamentos como germinadores e determinadores de umidade. “Essa ajuda é um pontapé inicial para a formação de um novo grupo de pesquisa sobre o tema para o nosso campus. Através desse financiamento estamos complementando a estruturação de nosso laboratório para análises de sementes”, acrescenta Fabrício.

O projeto, que está sendo feito em parceria com a Empaer, já levantou a existência de aproximadamente 10 mil agricultores familiares na região, sendo que cerca de 300 deles se localizam em Barra do Bugres e dois mil em Tangará da Serra. “Nosso curso está no quarto ano, ainda em fase de estruturação e a ajuda da Fapemat está sendo muito bem vinda.”

O projeto foi aprovado para a área de Recursos Naturais no Agronegócio, priorizada no edital induzido, lançado pela Fapemat em meados de 2004.




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