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Agronegócios
Quinta - 16 de Dezembro de 2004 às 08:47
Por: Mariana Peres

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O valor da arroba do algodão em pluma em Mato Grosso está reduzida em cerca de 40%, comparando com a cotação adotada no mesmo período do ano passado - R$ 60 - com os R$ 37, pagos atualmente aos cotonicultores. Inversamente, ou, perversamente, os custos de produção para a safra 04/05, iniciada no Estado, subiram entre 15% e 20%.

Mas a defasagem não se esgota. A arroba está ainda cerca de 16% abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo Federal, que é de R$ 44,60. "O preço atual está cerca de R$ 5 a R$ 4 abaixo do custo de produção", alerta o analista de mercado da Lucra Corretora em Cuiabá, Daniel Melo.

As baixas cotações são o reflexo de um mercado com oferta em excesso. Somente em Mato Grosso, da safra velha (03/04), restam em estoques 120 mil toneladas de pluma. "Temos hoje os menores preços dos últimos dois ou três anos. A expectativa antes desta pressão baixista era de que entre janeiro e fevereiro, a cotação atingisse entre R$ 2 libra/peso e R$ 2,30 libra/peso, mas por enquanto não há sinalização de melhoras e neste período deverá prevalecer os R$ 1,10 libra/peso a R$ 1,15 libra/peso", analisa Melo.

Ontem, o governo Federal realizou mais um leilão do Prêmio de Escoamento da Produção (PEP), objetivando reduzir a oferta e enxugar um pouco o mercado. Na quarta edição foram ofertados no Brasil 10,5 mil toneladas, sendo 5,440 mil/t de Mato Grosso, volume integralmente arrematado. No próximo dia 21, mais um leilão deverá ser realizado e ofertado a mesma quantidade.

Até agora no País, foram ofertadas 40,5 mil/t, sendo que 21,4 mil/t foram arrematadas pelas indústrias. Em Mato Grosso a oferta soma 21,1 mil/t e destas, 15 mil/t arrematadas. Melo destaca que um dos fatores que colaborou para que o arremate completo das ofertas para Mato Grosso se confirmasse, nas últimas duas edições dos leilões, foi o aumento do prêmio, de R$ 4,05 para R$ 6,30 por arroba. O prêmio é o principal atrativo para que as indústrias comprem os lotes a valores acima do que o mercado está pagando.

Melo aponta que a intenção do Governo é totalizar o arremate de 50 mil/t, para o alcance da meta, os leilões de PEP deverão ser realizados durante o mês de janeiro de 2005. "Para realmente fazer com que os preços se estabilizem no valor mínimo, seria necessário o arremate de cerca de 80 mil/t a 100 mil/t, pois os R$ 44,60 (preço mínimo) cobrem o custo de produção".

O analista destaca ainda que os leilões vieram para conter a baixa dos preços no mercado interno. "Quando foram lançados, a arroba no Estado estava em cerca de R$ 40 e agora, passada quatro edições do PEP, os preços são de cerca de R$ 37. De fato, será necessária a realização de outros leilões", analisa Melo.

Melo explica ainda a diferença com que os governos brasileiro e norte-americano tratam da questão. "Estive ontem conversando com um trader dos Estados Unidos e ele me disse que os preços lá estão baixos, mas mesmo assim, não se consegue com facilidade comprar a pluma. Isso ocorre porque o governo adquire a produção como forma de empréstimo, se o valor reage a pluma é vendida e a diferença coberta".

Para o produtor e gerente comercial da Girassol Sementes, Bruno Goellner, além do PEP, o Governo deveria lançar o PEP Exportação, "para retirar este excesso do mercado interno e as Aquisições do Governo Federal (AGF). O PEP ajuda, mas está sendo realizado de maneira tardia, muitas indústrias estão em vias de recesso e com estoques formados", questiona.




Fonte: Diário de Cuiabá

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