É preciso "mão forte" na economia, diz Palocci no NYT

Uma reportagem na edição de hoje do jornal norte-americano The New York Times faz um perfil e comenta a atuação do ministro da Fazenda brasileiro, Antonio Palocci.

Num texto assinado pelo repórter Todd Benson, Palocci é descrito como o condutor da "mais robusta expansão econômica do Brasil em uma década". Médico, sem qualquer experiência anterior na área econômica, o ministro "aprende rápido", segundo o NYT.

O texto enumera os indicadores positivos que vem sendo divulgados pelo governo, como o superávit na balança comercial e a taxa de crescimento projetada de 5,3% este ano, ressalvando que fatores externos podem ter ajudado nesses bons resultados.

Apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva e criticado por colegas do Partido dos Trabalhadores, Palocci, segundo o NYT, afirma estar fazendo sua parte para garantir crescimento econômico a longo prazo: "O ambiente externo certamente ajudou, mas o fator principal empurrando essa retomada é o fato de que nosso governo decidiu atacar os pontos mais vulneráveis da economia".

"Se não tivéssemos decidido que uma mão forte era necessária para manter a inflação sob controle, provavelmente estaríamos lidando com um desastre econômico agora", afirma o ministro.

Para o NYT, a conseqüência é que "a mistura de figuras esquerdistas" do governo Lula lentamente se consolidou em torno do "pragmatismo" de Palocci.

O jornal diz que o ministro da Fazenda é hoje um centrista - uma mudança de posição em relação à militância trotsquista de Palocci na juventude.

O ministro, de acordo com o NYT, tornou-se o membro mais influente do gabinete de Lula - uma posição já foi ocupada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que perdeu poder depois do escândalo envolvendo Waldomiro Diniz. Um dos sinais do prestígio do ministro da Fazenda, diz o jornal, foi a demissão de Carlos Lessa do BNDES, após críticas à política econômica do governo.

"Se estou ou não ganhando influência, não é muito importante. O que está se fortalecendo no governo e no País é a convicção de que o bom comportamento fiscal traz resultados positivos para a economia", diz Palocci em frase citada pelo NYT.

O jornal afirma ainda que a atuação de Palocci foi fundamental para que o "governo de inclinação esquerdista" de Lula ganhasse a confiança do mercado financeiro.