Juiz diz que Pinochet pode discernir entre o bem e o mal

O juiz chileno Juan Guzmán, que nesta segunda-feira processou Augusto Pinochet como autor de nove seqüestros e um homicídio no processo pelos crimes da Operação Condor, disse à EFE que o ex-ditador "pode discernir entre o bem e o mal".

"Ele pode discernir entre o bem e o mal. Isso fica evidente na entrevista que concedeu no ano passado a um canal (de TV) de Miami", informou o magistrado que pela segunda vez processa o ex-governante, ao qual também impôs prisão domiciliar.

Em 2000, Guzmán processou Pinochet como encobridor de 57 homicídios e 18 seqüestros no processo pela "Caravana da Morte", uma comitiva militar que em 1973 executou sem julgamento dezenas de presos políticos em diversas localidades do país.

Nesse caso, Pinochet foi absolvido pela Suprema Corte, com base em exames médicos que determinaram que sofria de uma demência vascular sub-cortical de leve a moderada.

No novo processo, Guzmán determinou que Pinochet fosse novamente examinado por três psiquiatras e neurologistas, dos quais dois diagnosticaram a mesma demência vascular e o terceiro atribuiu suas perdas momentâneas de memória à sua idade avançada.

Guzmán disse que decidiu processar Pinochet não só porque pode discernir entre o bem e o mal, "mas porque também pode distinguir entre o principal e o secundário".

"Quando o interroguei (em 25 de setembro) por esta causa, ele respondeu que não tinha antecedentes na Operação Condor porque quando era presidente (do Chile) não se ocupava de coisas pequenas", afirmou à EFE o magistrado.

Acrescentou que apesar do estado de saúde física de Pinochet, que fez 89 anos em 25 de novembro, estar deteriorado, "ele não está demente e está capacitado para enfrentar um julgamento".

A defesa de Pinochet anunciou que recorrerá da resolução do juiz Guzmán através de um recurso de amparo (habeas corpus) perante a Corte de Apelações de Santiago.