Instabilidade pode criar "Hitler iraquiano", diz presidente

Um longo período de instabilidade no Iraque poderia provocar o aparecimento de um "Hitler iraquiano" se os cidadãos continuarem se sentindo humilhados e impotentes, afirmou o presidente interino do país, Ghazi Al-Yawar, em declarações publicadas hoje em jornal árabe. O governante fez referência aos atentados e seqüestros que se tornaram rotina no Iraque desde a invasão do país pelos EUA e seus aliados no ano passado.

"A longo prazo, isso faria nascer um ambiente no qual pode surgir um Hitler iraquiano como aquele criado pela derrota da Alemanha e pela humilhação dos alemães na Primeira Guerra Mundial", disse Yawar ao jornal Asharq Al-Awsat, publicado na Grã-Bretanha. Hoje faz um ano que o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein foi capturado.

"A longo prazo, isso faria Os líderes interinos do Iraque também foram criticados por não conseguirem atrair para o processo político alguns setores da população. As ofensivas realizadas recentemente pelos EUA contra cidades controladas por rebeldes serviram para aumentar ainda mais as desavenças internas. Yawar, um muçulmano sunita escolhido para ocupar o cargo em junho, pediu aos vizinhos do Iraque que rompessem seu "silêncio negativo" sobre os ataques no país e que desempenhassem um papel positivo na estabilização dele.

"A longo prazo, isso faria "Quando um incêndio começa na casa de um vizinho, a pessoa deveria agir rápido para apagá-lo, não apenas para salvar o vizinho, mas também para que não seja obrigado a combater as chamas dentro de sua própria casa", afirmou o presidente. Yawar, que defende a realização das eleições parlamentares marcadas para 30 de janeiro, disse à rede BBC prever mais violência no Iraque com o objetivo de impedir o pleito.

"A longo prazo, isso faria "O alvo tático deles é minar o processo eleitoral e impedir-nos de realizar nossa primeira eleição. É por isso que precisamos seguir em frente com o processo." A maior parte dos partidos que representam a minoria sunita do Iraque (20% dos 26 milhões de habitantes do país) pediram recentemente pelo adiamento das eleições por até seis meses devido à violência. De acordo com eles, um pleito justo não poderá acontecer em meio aos conflitos que atingem principalmente as áreas sunitas do país.