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Educação/Vestibular
Segunda - 13 de Dezembro de 2004 às 08:40
Por: Maria Angélica de Moraes

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Mato Grosso teve médias abaixo das nacionais na sétima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no dia 29 de agosto. Nas provas objetivas, a nota dos mato-grossenses ficou em média em 42,13 contra 45,58 do restante dos estudantes. O desempenho foi melhor na redação: 47,57 no Estado e 48,95 em nível nacional.

Em todo o país, 1.035.642 pessoas em 608 municípios fizeram as provas do Enem. Em Mato Grosso, foram 27.913 inscritos, mas apenas 18.421 compareceram.

A prova objetiva foi composta de 63 questões interdisciplinares, uma das características do exame. O objetivo é avaliar o domínio da linguagem, compreensão de fenômenos, enfrentamento de situações-problema e a construção de argumentações e de propostas de intervenção na realidade.

“A prova do Enem exige que o aluno saiba saber ler, interpretar e ter uma proposta em cima daquilo. Tem que pensar e resolver o problema”, explica o coordenador geral de exames do Ministério da Educação, Dorivan Ferreira Gomes. Em outras palavras, O Enem vem quebrando paradigmas retrógrados como a famosa “decoreba”.

A assessora técnica do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Maria Dias de Souza Neves, concorda. “Tem que mudar essa metodologia de transmissão de conhecimento. Isso não dá mais certo entre os jovens de hoje”, opina. Para ela, é preciso haver uma mudança de cultura nas escolas. “O modelo é muito conteudista, academicista mesmo”, afirma.

Vale para todos. Mas o Enem não deixou de registrar o abismo existente entre público e privado. Em Mato Grosso, os alunos de escolas públicas que fizeram a prova (o Enem não é obrigatório) tiveram notas menores do que os estudantes das particulares: nas provas objetivas ficaram 18,14 pontos atrás e na redação a diferença foi de 17,31.

Para a assessora técnica, os resultados refletem não apenas a qualidade do ensino, mas também se há as cobranças externas. “Os pais (de alunos) das escolas particulares têm um acompanhamento maior. Quando o filho está na escola particular, ele não pode reprovar porque o pai está pagando. O esforço é dobrado por parte dos pais, que não querem perder o valor das mensalidades”.

O estudante Weyboll Rocha Weimer contraria a média. Aluno da escola estadual Presidente Médici, pretendia usar o Enem apenas como um teste, uma avaliação de caráter pessoal. “Fiz para testar meus conhecimentos, para saber se estava apto para enfrentar o vestibular”, conta.

O resultado superou as modestas expectativas: fez 39 pontos na prova objetiva e tirou nota 8,7 em redação. Se a prova foi difícil? “Você testa sua visão de mundo. É bem mais fácil argumentar do que decorar”, analisa. Mas ele perdeu a chance de se sair ainda melhor no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Como não ainda não tinha os resultados do Enem, na inscrição do vestibular optou por não utilizar a nota do exame na contagem geral dos pontos, que pode representar 20% na composição da nota final.

Para o Ministério da Educação, essa seria uma das grandes atribuições do Enem: melhorar as formas de acesso à universidade. Existe um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional para criar cotas nas universidades públicas para negros, índios e estudantes de escolas públicas. O filtro seria o resultado do exame.

Já no caso das faculdades particulares, o Enem está sendo usado como condição para participar do Prouni – Programa Universidade para Todos. O programa do governo federal criou bolsas para alunos de baixa renda estudarem nas instituições privadas.

A coordenadora da Escola Presidente Médici, Eizabeth Prado, acredita que o interesse dos alunos em fazer o exame tem aumentado. “Eles começaram a perceber a diferença que faz no resultado do vestibular. No início, eles fizeram o Enem como situação de ensaio. Hoje eu vejo o aluno fazendo o Enem querendo acertar”, relata.




Fonte: Diário de Cuiabá

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