MT apresenta desempenho regular no Enem

O Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), divulgou no início do mês de dezembro, os resultados finais da sétima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O desempenho dos alunos foi considerado regular, tendo como média nacional na parte objetiva 45,58 e na redação, 48,95.

Realizado dia 29 de agosto, o Enem teve a participação, neste ano, de 1.035.642 concluintes e egressos do Ensino Médio. A aplicação das provas ocorreu em 608 municípios. Em Mato Grosso, a prova foi aplicada em 15 cidades e cerca de 27 mil alunos inscritos, porém o porcentual de falta chegou a quase 34%.

As 63 questões da avaliação foram elaboradas de forma contextualizada e interdisciplinar. As questões buscavam avaliar o domínio de linguagens, a compreensão de fenômenos, o enfrentamento de situações-problema, a construção de argumentações e a elaboração de propostas de intervenção na realidade. São essas as competências que devem ser desenvolvidas na Educação Básica.

Os resultados de 2004 mostram que, na parte objetiva do exame, os participantes tiveram mais dificuldades na competência que avalia a capacidade de relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. A média nessa competência foi de 43,89.

Na redação, os participantes obtiveram a maior média, 58,02, que avalia o domínio da norma culta da língua escrita. Este ano, o tema da redação foi "Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?".

MATO GROSSO - A média dos alunos mato-grossenses que estudaram somente em escola particular foi de 55,87 na prova objetiva e 60,59 na redação. Os estudantes de escolas públicas do Estado tiveram a média 37,73 na objetiva e 43,28 na redação. Para a assessora técnica pedagógica do Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Maria Dias de Souza Neves, um dos fatores que contribui para essas diferenças é o acompanhamento da família, pois na escola particular há mais cobranças dos pais sobre os filhos.

A média de Mato Grosso na redação, embora ainda esteja um pouco abaixo da nacional, evolui em comparação ao último ano. “Até pouco tempo atrás, o domínio da linguagem era de responsabilidade unicamente da matéria de Língua Portuguesa. Agora, todas as disciplinas exigem tal competência”, explicou.

Segundo ela, trabalhos e projetos que mudem a metodologia podem fazer a diferença no ensino. “Os alunos devem ser protagonistas do aprendizado e os professores não podem desprezar os resultados do Enem, que não só refletem o desempenho do aluno, com também do professor e da escola”, disse.

Enquanto o ensino tradicional avalia os conteúdos dos conhecimentos ministrados em aula, o Enem avalia as habilidades e competências do estudante. “Hoje em dia os professores devem dedicar mais horas de estudos em cima dessa nova metodologia de educação, que vem cada vez sendo exigido pelas universidades e pelos próprios alunos”, frisou Maria Dias.

Para avaliar o sistema de ensino, o Inep dispõe do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), instrumento que afere a qualidade das redes de ensino. As informações do Saeb permitem montar um quadro do sistema educacional, revelando suas virtudes e defeitos.

RESULTADOS - Os participantes do Enem estão recebendo o Boletim Individual de Resultados. Nele, constam duas notas – uma para a parte objetiva e outra para a redação – e, ainda, uma interpretação dos resultados obtidos para cada uma das cinco competências avaliadas. A média geral do País também é incluída no boletim para que o participante compare seu desempenho. Os resultados individuais são sigilosos.

As escolas que tiveram mais de 90% de seus alunos matriculados na terceira série do ensino médio presentes ao Enem poderão solicitar um boletim com a média dos resultados do conjunto dos seus estudantes. O documento pode ser solicitado pelo e-mail enem@inep.gov.br.

PROUNI - Atualmente, 455 instituições de educação superior, sendo que 52 públicas, utilizam os resultados do Enem nos seus processos seletivos. A pontuação no exame também será usada pelo Ministério da Educação no Programa Universidade para Todos (ProUni), com o objetivo de garantir vagas, em cursos de graduação da rede privada, para os estudantes de baixa renda e professores da rede pública.

O ProUni vai oferecer cerca de 80 mil bolsas de estudo para estudantes de baixa renda em instituições de ensino superior de todo o Brasil. Além de ter participado do Enem, o candidato à bolsa do ProUni necessita também apresentar renda familiar per capita de até três salários mínimos e obedecer os seguintes critérios: ter cursado o Ensino Médio completo em escola pública; ter cursado o Ensino Médio completo, com bolsa integral, em instituição privada; ser portador de necessidades especiais.

Professores da rede pública de educação básica também podem se candidatar às bolsas. Para isso é preciso estar em exercício, integrar o quadro de pessoal permanente da instituição e buscar vaga em curso de licenciatura ou de Pedagogia. Neste caso, a apresentação de renda familiar per capita de até três salários mínimos não é necessária. Mais informações sobre o ProUni pelo telefone: 0800 616161, ou no site do MEC: www.mec.gov.br.

DISCRIMINAÇÃO – O perfil dos participantes do Enem 2004, registrado por meio de questionário sócio-econômico com 205 perguntas, mostrou que 95% não se consideram racistas. No entanto, 46,7% afirmaram conhecer parentes e/ou colegas que o são; 37,8%, colegas de escola ou de trabalho e 50,2%, vizinhos ou conhecidos. Essa é a primeira vez que o questionário aborda questões relacionadas à discriminação. Os participantes também responderam se haviam presenciado algum tipo de discriminação: 62,2% afirmaram já terem presenciado discriminação racial, 32,9%, discriminação de gênero, 55,1%, discriminação homossexual e 54%, discriminação econômica.

Dos entrevistados, 25,9% já sofreram algum tipo de discriminação econômica. Por causa da idade, 19,5%; devido à origem, 17,3%; por discriminações étnica, racial e de cor, 12,8%; religiosa, 20,4%; e por ser portador de necessidades especiais, 2,2%.

Outro dado importante apontado no questionário mostra que 44% trabalharam durante o Ensino Médio. Desse percentual, 29,1% dividiram seus estudos com o trabalho durante todo o período em que cursaram esse nível de ensino. A grande maioria, 81, 6%, terminou o Ensino Médio em três anos, 71% estudaram somente em escola pública e 57,2% apenas no turno diurno.

ENEM - O Enem é realizado anualmente, com o objetivo fundamental de avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania.