A Polícia Federal (PF) cumpriu 15, dos 18 mandatos de busca e apreensão expedidos durante a Operação Metamorfose, deflagrada na manhã desta quinta-feira, em Porto Velho. As investigações apontaram que funcionários dos correios, da receita federal e comerciantes atuavam no desvio de cartões de crédito, utilizados em compras em estabelecimentos comerciais. Em uma loja de eletrodomésticos, criada para lavar o dinheiro do crime, segundo a PF, foi apreendido um caderno contendo dados pessoais e bancários de possíveis vítimas.
De acordo com o superintendente da PF em Rondônia, Donizete Tambone, foram identificadas duas quadrilhas que atuavam de forma semelhante, porém não se comunicavam. Os cartões de crédito eram desviados por carteiros das agências do Correios da capital, que recebiam para realizar o serviço. “Identificamos que um dos funcionários recebia da quadrilha um valor de R$ 4 mil para realizar o desvio”, diz Tambone.
O superintendente explica ainda que uma das quadrilhas contava com a participação de uma funcionária da Receita Federal, que repassava aos criminosos os dados pessoais dos titulares dos cartões de crédito. “A partir desses dados, como RG e CPF, os criminosos solicitavam novos cartões de crédito em nome das vítimas”, relata Donizete. Os endereços originais dos titulares do cartão também eram alterados, a fim de desviar as faturas. A funcionária recebia de R$ 50 a R$ 100 por cada informação passada aos criminosos.
Mercadoria apreendida em loja usada para lavar o
dinheiro da fraude (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
Três comerciantes também foram presos suspeitos de participar da fraude. De acordo com o titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e ao tráfico de Armas (Delepat), Celso Mochi, as compras nesses estabelecimentos eram facilitadas e o valor da compra era dividido entre as partes. “Uma das quadrilhas chegou a montar uma loja, utilizada para lavagem de dinheiro”, afirma Mochi.
Durante a apreensão, a PF localizou um caderno com dados pessoais, bancários e ainda a profissão de possíveis vítimas. "Entre os nomes estão juízes, delegados, promotores, em geral funcionários públicos", relata Celso Mochi, ainda segundo ele, todos os dados serão investigados, a fim de confirmar a veracidade de cada um.
A PF estima que, durante os oito meses de investigação, as organizações criminosas tenham movimentado um montante em torno de R$ 3 a R$ 4 milhões.
Ao todo, foram expedidos18 mandados de prisão pela Justiça Federal de Rondônia, 30 mandados de busca e apreensão e seis mandados de sequestro de bens, cumpridos em Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e Rio Branco (AC). Três suspeitos estão foragidos.
Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de estelionato, receptação, formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato, corrupção passiva e ativa, violação de sigilo funcional e lavagem de dinheiro, de acordo com o envolvimento de cada um.
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