Maluf responde a perguntas, mas nega acusações

O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf prestou depoimento nesta segunda à juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal federal, sobre o processo em que é investigado pelo crime de evasão de divisas. Maluf negou as acusações e saiu da audiência sem dar declarações à imprensa.

O procurador da República Pedro Barbosa Pereira Neto disse que Maluf respondeu a todas as perguntas, apesar de não reconhecer que enviou dinheiro para o exterior. Maluf, segundo o procurador, mostrou-se nervoso no início do interrogatório e declarou que considera Pereira Neto "seu inimigo pessoal".

Pereira Neto afirmou também que recorrerá à decisão da Justiça Federal de São Paulo, que negou no último dia 30 o pedido de prisão preventiva de Maluf.

O procurador denunciou à Justiça o ex-prefeito e mais quatro familiares, por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. Além de Maluf, seus filhos Flávio e Lygia, além de Jaqueline, mulher de Flávio, e Maurilio, marido de Lygia, são réus no processo criminal e poderão ser condenados.

Ao deixar a sala onde depôs, o ex-prefeito afirmou apenas que não faria comentários "em respeito à decisão da juíza, que decretou segredo de Justiça". Maluf estava acompanhado por dois advogados e falou por cerca de uma hora e vinte minutos.

O ex-prefeito e outros 36 acusados são investigados pelo envio não declarado de milhões de dólares para contas bancárias em paraísos fiscais, como Suíça, Luxemburgo, França e Jersey. A Promotoria pede a devolução dos US$ 446 milhões aos cofres públicos e o pagamento de uma multa equivalente a três vezes o valor. O ex-prefeito, no entanto, nega todas as acusações.

Maluf também é acusado de um esquema de corrupção na administração municipal durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo (1993-96). Seus advogados têm agora três dias para apresentar a defesa prévia.