Os pais que têm procurado os postos de saúde para vacinar os filhos em Rondonópolis, distante 218 quilômetros de Cuiabá, estão tendo que voltar para casa sem a imunização. Um problema no armazenamento provocou a perda de 10 mil vacinas. Agora, os pais são orientados a procurar municípios vizinhos para garantir a vacina para os filhos. A promessa do Departamento de Saúde Coletiva de Rondonópolis é que o problema seja resolvido ainda esta semana.
A dona de casa Cléris Silveira procurou um posto de saúde esta semana para vacinar a filha Cecília, de 6 meses de idade. A criança precisaria tomar a terceira dose da vacina pneumocócica, que protege contra doenças como meningite e pneumonia. No entanto, quando ela chegou ao posto foi informada que não havia vacina. "Disseram que não tinha vacina há mais de 25 dias e não tinha previsão de quando a minha filha poderia ser vacinada. Saímos de lá sem resposta".
Cléris conta que foi orientada a procurar a vacina em municípios vizinhos, pois esta seria a única alternativa para imunizar as crianças na data correta. "Porque aqui não tem vacina em lugar nenhum, nem na Santa Casa, nem no Hospital Regional e em nenhum posto de vacinação". A preocupação de Cléris é maior porque ela teve poliomielite na infância e não quer que a filha contraia alguma doença pela falta de vacina. "Eu já passei por isso. Ficaram as sequelas e só eu sei o que eu passo e o que eu já vivi até hoje. Não quero isso para a minha filha e não quero isso para os filhos de pais nenhum".
Uma equipe da TV Centro América visitou o posto de saúde que atendeu a dona de casa. No local, mais uma criança, um bebê de apenas um mês, aguardava por vacina. A avó da criança, Luzia Ferreira da Cruz, disse que o neto ainda não tomou nenhuma das três doses que precisaria para se proteger. "Estamos esperando. Não é só ele. Tem várias crianças que estão vindo aqui e têm que voltar", disse a avó.
Vacinas estragadas
Na porta da sala de vacinas há um aviso de que o local está interditado. A geladeira que deveria ter centenas de frascos está praticamente vazia e as únicas vacinas que sobraram estão estragadas. O posto de coleta tem capacidade para realizar mais de 35 exames, mas está quase parado e o único que ainda é feito é o exame do pezinho. Outra preocupação é com a higiene do local já que a sala de curativo, por exemplo, deveria estar limpa e desinfetada, mas há lençois sujos e lixo acumulado de vários dias.
Com relação à falta de vacinas, a coordenadora de Saúde Coletiva do município, Djanira Amaral, afirma que mais de 10 mil foram perdidas no começo do mês passado. Isso, segundo ela, de acordo com um problema na rede elétrica que danificou as geladeiras onde os frascos ficam armazenados. "Nós seguimos um trâmite legal. Pegamos as vacinas, fizemos um relatório, encaminhamos através do escritório regional para a Secretaria de Estado de Saúde e para o Ministéiro da Saúde. Eles fizeram uma análise de todas as vacinas e chegou um relatório dizendo que nós não podemos mais usar as vacinas, que elas têm que ser descartadas", frisou a coordenadora.
Segundo Djanira, a situação deve ser normalizada ainda esta semana. "Tem algumas vacinas na periferia, em alguns postos que ainda têm vacinas. Só não nos grandes postos, que já acabaram. Mas em alguns mais distantes têm estoque. Até na sexta-feira vamos regularizar toda a situação".
A Secretaria Municipal de Saúde foi procurada pela reportagem da TV Centro América para falar sobre a limpeza na unidade de saúde e a precariedade na coleta para exames, mas a secretária Mariuza Valentin disse que desconhece o problema.
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