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Domingo - 05 de Dezembro de 2004 às 12:03

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A Cúria Metropolitana, casa ao lado da igreja Bom Despacho onde vivem o arcebispo Dom Milton dos Santos e Dom Bonifácio Piccinini, arcebispo emérito de Cuiabá, já foi roubada 13 vezes. Dom Bonifácio, que mora no local há 29 anos, é quem registra esse índice. Foram 11 furtos por arrombamento ou invasão e dois assaltos a mão armada.

Na medida em que os crimes iam acontecendo, Dom Bonifácio tentava reforçar a segurança do prédio elevando o muro, instalando grades e alarmes e até contratando um guarda armado para o período noturno. Este último recurso foi uma tentativa de prevenir os assaltos, já que os dois casos ocorreram à noite.

No caso da Cúria, Dom Bonifácio acha que os ladrões vêem a casa como mansão de algum “ricaço”. No último assalto, contou, os bandidos (dois) ficaram surpresos ao descobrir que lá viviam religiosos da Igreja Católica. “Eles achavam que éramos fazendeiros e viram nossas batinas como disfarce. Imaginem!”, observa o arcebispo emérito.

Dom Bonifácio acha que nas igrejas o problema da violência é mais sério. “É um risco que estaremos correndo sempre porque não é possível mantê-las fechadas”. Conforme ele, não dá para fazer seleção ou revistar quem entra nos salões das igrejas. “As pessoas precisam de livre acesso. É a casa de Deus”, conclui.

Na visão do padre Deusdédit de Almeida, a prática de furtos e roubos nas igrejas é coisa de pessoas que não tiveram formação religiosa. Daqueles que desconhecem a palavra de Deus e a importância da preservação dos templos como forma de respeito aos que têm fé.

Coordenador de Pastoral, ou seja, de todos os movimentos da Igreja Católica na Arquidiocese de Cuiabá, padre Deusdédit diz que no trabalho de servir ao povo, como é o da igreja, não dá para se preocupar muito com segurança. “Quem lida com vidas, com pessoas de todas as classes sociais, não desconfia que esse ou aquele pode ser alguém que vai roubar a igreja”, avalia.

Padre da Paróquia de São José Operário, do bairro Dom Aquino, igreja que tem outras seis comunidades religiosas sob sua responsabilidade, Deusdédit de Almeida acha que os roubos são os reflexos dos problemas sociais do país, como a desestruturação da família, desemprego, aumento do uso de drogas entre os jovens e a fome.

Das seis igrejas que ele dirige, três já foram roubadas. Na São José, arrombaram o sacrário (onde ficam os utensílios usados na comunhão). Os ladrões teriam confundido o sacrário com um cofre. (AR)




Fonte: Diário de Cuiabá

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