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Sábado - 04 de Dezembro de 2004 às 09:23
Por: Alecy Alves

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Viajar de São Paulo a Cuiabá de trem e desembarcar em uma moderna estação no Distrito Industrial, no bairro Coxipó. Esse projeto que a princípio pode até parecer um sonho distante, ou mesmo uma brincadeira para os cuiabanos, foi desenvolvido pelo arquiteto Marlon Leão, de 26 anos, após uma viagem de intercâmbio à Universidade de Kaiserslautern, na Alemanha, e deve ser apresentado em breve ao governador do Estado Blairo Maggi e ao secretário estadual de Infra-estrutura Luiz Antônio Pagot.

Logo depois de concluir o curso de Arquitetura na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e começar a fazer mestrado na área de conforto térmico, Leão teve a idéia de propor a estação enquanto viajava em trens alemães.

Ele conta que o projeto surgiu quando comparava a importância da ferrovia na vida dos europeus e a construção dos trilhos da Ferronorte para transporte de cargas até Cuiabá, que poderiam ser os mesmos de trens de passageiros.

Em solo brasileiro, Marlon Leão disse que o clima e a escassez de recursos públicos foram suas principais dificuldades para adaptar a estação daqui às européias. Os vidros, que predominam lá como forma de aquecer o ambiente, teriam aqui o uso minimizado por causa do calor excessivo.

Eliminada essa etapa, ele começou a traçar o projeto do que seria a primeira estação ferroviária mato-grossense. E pensou em tudo: uma estação próxima do local transporte de carga, num local onde os trilhos dividissem o menos possível a cidade, em aproveitar o vento predominante para não ter de usar ar condicionado, na vegetação em torno da estação para proteção do sol, praça de alimentação, terminal de ônibus e de táxi e outros serviços.

A estação traçada por Leão é dividida em dois blocos - superior e inferior -, não terá um único pilar porque toda sua estrutura ficará presa a um sistema de cabeamento suspenso e as partes da frente e fundo terão paredes de vidro mas não sofrerão a incidência direta dos raios solares.

Como resultado de pesquisas em livros, sites e da observação prática dos serviços oferecidos na Europa, Marlon Leão chegou a um projeto arquitetônico moderno e de custo relativamente baixo, R$ 2 milhões (corresponderia a dois quilômetros de trilhos), que mereceu nota máxima (10) da banca examinadora de mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso.

Entre as vantagens citadas por Marlon Leão, as quais ele pretende expor ao governador e ao secretário de Infra-estrutura, estão segurança, economia, melhor aproveitamento da linha da Ferronorte, a posição de Cuiabá como corredor de passageiros e incentivo ao turismo, que na Europa tem uma importância significativa na economia dos países.

Enquanto a passagem de avião de São Paulo a Cuiabá custaria R$ 1,9 mil (ida e volta), de ônibus mais de R$ 400, viajar de trem não passaria de R$ 140 (ida e volta), segundo seus cálculos.

Leão, que transferiu o projeto da prancheta para o computador fazendo simulações gráficas de cada ambiente, acha que a estação ferroviária é perfeitamente viável.

“Poderia ser uma referência para a população em transportes, negócios, serviços e de lazer”, completa ele.




Fonte: Diário de Cuiabá

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