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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 03 de Dezembro de 2004 às 20:32

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A decisão da Suprema Corte da Ucrânia que invalida o segundo turno das eleições presidenciais foi comemorada hoje pelo candidato da oposição, Viktor Yushchenko, e por milhares de eleitores, acampados nas ruas de Kiev desde o pleito do último dia 21. Visivelmente satisfeito, o líder garantiu que a justiça, a democracia e a liberdade voltaram à Ucrânia ao afirmar que os juízes foram os verdadeiros heróis.

O veredicto da Suprema Corte não especifica a natureza exata da nova eleição, mas afirma que ela deve ocorrer em 26 de dezembro, indicando que será uma repetição do segundo turno, que, de acordo com a oposição, foi fraudulento.

O resultado provocou festa na praça central da capital, onde estão reunidos milhares de manifestantes que se opunham ao resultado oficial: a vitória do premier. O discurso de Yushchenko era um dos mais esperados. Sob o forte frio, eleitores permaneceram até por volta das 20h locais para ouvi-lo. "Hoje, a Ucrânia voltou à justiça, democracia e liberdade. Nós provamos que somos uma nação que defende nossa escolha. A Suprema Corte deu um grande final para a nova eleição que Kuchma queria. Agradeço ao apoio de todos vocês", disse diante da multidão que gritava seu nome.

Fogos de artifício explodiram nos céus e dezenas de milhares de manifestantes dançaram e abriram garrafas de champanhe. Empunhando centenas de bandeiras laranja, a cor dos oposicionistas, manifestantes se abraçaram e dançaram animadamente depois da decisão. "Vamos dançar e fazer festa até a madrugada. Vamos transformar Kiev numa grande pista de dança", disse Taras, de 19 anos, estudante do oeste ucraniano.

"É uma vitória. Estivemos aqui por 12 dias e posso dizer a você que valeu a pena", disse Maxim, um mineiro de Lviv, enquanto seus amigos tocavam cornetas e gritavam "Yushchenko para a Ucrânia!" na Praça da Independência, em Kiev. "Mas a grande batalha ainda está por vir. Nossa grande vitória será quando virmos Yushchenko empossado como presidente."

Mas em Donetsk, onde Yanukovich tem a maior parte de seus simpatizantes, a decisão da Justiça entristeceu os moradores. "É péssimo o jeito como essas pessoas em Kiev nos tratam. Dizem que somos pagos para votar em Yanukovich", disse Sergei Masterzheka, de 26 anos, na principal praça de Donetsk, ao lado de cerca de 4 mil eleitores do primeiro-ministro. "É péssimo. Nós votamos e votamos honestamente porque Yanukovich é um de nós."

O presidente ucraniano, Leonid Kuchma, foi à Rússia ontem para se encontrar com Vladimir Putin, que dera apoio público a ele e ao premiê. O governo russo temia que a vitória de Yushchenko enfraquecesse os laços da Ucrânia com a Rússia e a aproximasse do Ocidente. "É o nascimento da democracia ucraniana e a vitória da lei", disse Adrian Karatnycky, pesquisador da organização Freedom House, financiada pelos Estados Unidos. "É o fim das aspirações da Rússia à hegemonia".

O presidente Kuchma havia se oposto à repetição do segundo turno, mostrando-se favorável à nova realização do primeiro turno, o que poderia levar até três meses para preparar. Seus dez anos de governo foram marcados por escândalos e ele não terá imunidade automática quando deixar o cargo.

Yanukovich, que tem se isolado nos últimos dias e que ficou doente, também havia dito que só uma nova eleição - em vez da reedição do segundo turno - solucionaria a crise. "Precisamos da certeza de que ninguém vai questionar o novo pleito", disse ele ao jornal italiano La Repubblica.

Deve haver mais mediação internacional após a definição do veredicto. O presidente da Lituânia, Valdas Adamkus, tem a chegada a Kiev prevista para sábado.




Fonte: Terra

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