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Quarta - 01 de Dezembro de 2004 às 18:58

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Adriano chega ao topo na Itália após superar caminho da pedras O atacante Adriano, da Inter de Milão, foi descrito pelo técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, como um cavalo, e não somente por seu físico.

Adriano tem pedigree. Aprendeu a jogar no Flamengo e depois foi para o Parma, clube onde surgiram muitos dos melhores do Campeonato Italiano. Mas seu histórico também mostra que ele precisou passar por muitos obstáculos em seu caminho da pobreza até se tornar um dos jogadores mais temidos e respeitados.

O retrospecto do atacante de 22 anos nesta temporada pela Inter fala sozinho: ele marcou 17 vezes em 19 jogos da Série A e da Copa dos Campeões e muitos dos gols foram trabalhados em ataques espetaculares e individuais.

Foi preciso alguém tão especial para ajudar os torcedores da Inter a se esquecerem da "grande traição", quando outro brasileiro, Ronaldo, trocou o time pelo Real Madrid.

A Inter ganhou fama por ter cometido graves erros no mercado de transferências - contratou jogadores que não foram bem e vendeu outros que fizeram grandes carreiras - e Adriano quase se tornou mais um deles.

Adriano cresceu na Vila Cruzeiro, uma favela do Rio de Janeiro. Seu pai, Almir Ribeiro, trabalhava como contínuo e a mãe, Rosilda, tinha apenas 17 anos quando ele nasceu.

"Eles não ganhavam muito e a vida era dura," disse o jogador em entrevista recente.

Drogas

Quando tinha sete anos, Adriano estava jogando com outras crianças quando viu um jovem ser morto a tiros, aparentemente vítima de uma disputa por drogas. Alguns de seus amigos de infância terminaram fazendo parte de gangues de tráfico.

Quando tinha 10 anos, o pai levou uma bala perdida na cabeça durante um tiroteio.

Almir Ribeiro sobreviveu, mas como não pôde pagar pela cirurgia, a bala ficou alojada. O pai de Adriano morreu neste ano, aparentemente de problemas no coração.

O roteiro do atacante para fora da favela passou pelas equipes menores do Flamengo. Mas como não podia pagar as passagens no Rio para ir treinar, punha a camiseta da escola para viajar de graça.

O truque valeu a pena. Ele subiu para o time principal do Flamengo. Os torcedores não se impressionavam com seu futebol, mas Emerson Leão, que na época era o técnico da seleção, percebeu rapidamente o potencial do jogador, que fez seu primeiro jogo pela seleção em novembro de 2000, aos 18 anos.

Sua chegada à Inter no final da temporada de 2001 foi pouco notada - ele era jovem e um dos jogadores menos conhecidos entre a safra de novos rostos. Mas ele impressionou em um amistoso de pré-temporada contra o Real Madrid, marcando um gol com uma bomba de longa distância.

Isso foi suficiente para garantir sua permanência no time, e não ser emprestado para um time menor - destino de muitos jogadores que chegam às equipes principais.

Mas, depois de apenas oito jogos e com apenas um gol, Adriano foi emprestado à Fiorentina.

Venda ao Parma

A Fiorentina, que lutava contra a falência e o rebaixamento, não parecia o local ideal para um jovem sem experiência, mas seus seis gols em 15 partidas e sua determinação em campo mostravam que teria futuro na Série A.

Mas não com a Inter.

Como parte de uma série de acordos, Adriano foi vendido ao Parma. A transferência permitiu pelo menos que o brasileiro jogasse regularmente em um clube que não sofria tanta pressão por sucesso quanto a Inter.

Levou apenas uma temporada para a Inter se arrepender da venda. Ao lado de outro "rejeitado," o romeno Adrian Mutu, Adriano marcou 15 vezes pelo Parma.

Na campanha seguinte ele foi ainda melhor. Marcou oito gols nos primeiros nove jogos, antes de sair com uma contusão no joelho.

Quando se recuperava, o Parma afundou em uma crise econômica por causa do escândalo envolvendo os donos do time, a Parmalat, e ficou claro que o clube teria que se desfazer do atacante, seu maior bem.

Muitos clubes se interessavam por ele. Mas a Inter foi esperta nos seus acordos e reteve parte do seu passe e a prioridade de sua compra.

Desde que se estabeleceu no time, Adriano também foi convocado para a seleção brasileira e seus gols ajudaram no título da Copa América, torneio em que foi o artilheiro, com sete gols.

Apesar disso, ele ainda não é titular absoluto. Parreira prefere a dupla Ronaldinho e Ronaldo no ataque.

Adriano afirma que tenta ser paciente, mas que estará pronto quando sua chance reaparecer.

"Estou feliz por ser parte dos planos de Parreira", disse ele recentemente. "Me vejo como parte do grupo. A partir de agora vou tentar ficar no time e mostrar o meu valor. Ainda sou muito jovem."




Fonte: Reuters

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