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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 01 de Dezembro de 2004 às 18:38

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O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Angel Moratinos, afirmou nesta quarta-feira que não acusou o governo de José María Aznar de instigar o golpe de Estado contra Hugo Chávez na Venezuela em 2002, mas de legitimá-lo. "Não acusei (o governo Aznar) de instigar a preparação do golpe de Estado. Quando disse "apoiar" quis e quero dizer que o governo não condenou o golpe de Estado e deu legitimidade internacional a ele", disse Moratinos, em depoimento ao Parlamento espanhol.

O chefe da diplomacia espanhola acrescentou que, na época da crise que tirou Chávez do poder, o embaixador espanhol recebeu instruções do governo e "o resultado da execução dessas instruções foi o apoio ao golpe de Estado".

O depoimento de Moratinos ao Parlamento acontece dez dias depois das declarações que fez em um programa da televisão estatal espanhola, no qual assegurou que o governo de Aznar apoiou o golpe de Estado, que levou Pedro Carmona ao poder na Venezuela durante 48 horas.

As declarações, que coincidiram com a visita oficial de Chávez à Espanha, provocaram uma tempestade política no país e uma troca de acusações entre o Partido Socialista (PSOE), no governo, e Partido Popular (PP), na oposição.

A polêmica cresceu graças ao próprio Chávez que, em um ato durante sua visita a Madri, confirmou o apoio dado pelo governo Aznar aos golpistas.

Durante seu depoimento na Comissão de Assuntos Exteriores do Congresso, Moratinos pediu desculpas, no entanto, pelas afirmações "inadequadas".

O chefe da diplomacia espanhola se baseou em uma série de documentos internos, a maioria deles citações do então embaixador da Espanha na Venezuela, Manuel Viturro, para demonstrar sua tese.

Moratinos leu os telegramas enviados pelo diplomata que, na sua opinião, confirmam a tese de que o governo de Aznar cometeu, no mínimo, um erro de avaliação e gestão da crise da Venezuela, país que, segundo ele, merece uma "relação intensa com Espanha".

Ele também citou conversas e declarações do então ministro de Exteriores, Josep Piqué, e do diretor dos serviços de inteligência espanhóis (CNI), Jorge Dezcallar, à imprensa e denunciou que o Ministério de Exteriores teria dado instruções a Viturro para que se encontrasse com Pedro Carmona e o aconselhasse.

Moratinos disse ainda que o próprio Aznar atendeu uma ligação de Carmona, mesmo sabendo que era um golpista.

O governo do PP não qualificou o ocorrido na Venezuela como "golpe de Estado" até o 14 de abril de 2002 e incluiu a definição de "vazio de poder" tanto em sua declaração como presidente da União Européia (UE) como na declaração conjunta que Brasil, México, Argentina e França se negaram a assinar, lembrou Moratinos.

Desta forma, afirmou, o Executivo do PP pretendia dar legitimidade internacional ao golpe, o que Carmona tornou impossível ao dissolver a Assembléia Nacional venezuelana, descumprindo a Constituição do país e a Carta Democrática Interamericana.

Durante o debate, o porta-voz do PP, Gustavo de Arístegui, voltou a exigir a demissão de Moratinos por não voltar atrás em suas acusações e anunciou que não irá considerá-lo como interlocutor da política externa enquanto mantiver as "calúnias".

O PP deve fazer hoje uma pergunta sobre o assunto ao chefe do Executivo espanhol durante a sessão de controle do governo no Congresso.




Fonte: EFE

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