Major admite lista com 160 nomes de crianças carentes

O major da Polícia Militar Marcos Roberto Sovinski, acusado de matar um adolescente e liderar um grupo de extermínio de menores infratores em Jaciara (148 km de Cuiabá), disse, em juízo, que elaborou um lista contendo nomes de 160 crianças pobres, mas negou que estariam marcadas para morrer.

Sovinski foi interrogado pela juíza Marcemila Mello Reis, da 15ª Vara Criminal, na última sexta-feira (26). Em depoimento, o major garante que a lista continha o nome de crianças e adolescentes de baixa renda que seriam incluídas num programa de assistência social. A mulher de Sovinski, segundo ele, seria a responsável por coordenar o programa, com a ajuda de várias entidades de classe do município.

O major é acusado de matar o adolescente Yure Lourenço da Silva, 14, em 2000, com a ajuda do soldado Sebastião Gualberto Soares. No dia do crime, Sovinski contou à juíza que trabalhou até às 19h30.

Segundo o major, por volta de 18h, ele e Gualberto teriam sido chamados para verificar um suposto assalto em um supermercado de Jaciara. Foram para o local no carro de Sovinski, um Vectra preto e por lá ficaram até às 19h30, pois a suspeita de assalto não teria se confirmado.

Depois disso, o major afirma em juízo que deixou Gualberto no Batalhão da PM e foi em seguida para uma lanchonete na companhia de outro oficial. Na denúncia, o Ministério Público afirma que Yure foi abordado por duas pessoas em uma moto escura e uma delas teria efetuado os disparos de revólver calibre 38. Sovinski admitiu que possuía uma arma desse calibre na época, mas negou tê-la utilizado no crime. O major, que comandava a 3ª Companhia de Policiamento da cidade, seria afrontado constantemente por Yure, que o desafiava e ainda denunciava seus supostos desvios de conduta. Sobre seu envolvimento no crime, Sovinski afirma ter sido vítima de "perseguição" por um delegado. A situação teria piorado, segundo o major, depois do estupro de uma garota por um agente.