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Saúde
Terça - 30 de Novembro de 2004 às 12:23
Por: Alecy Alves

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As cirurgias de lábios leporinos e os tratamentos complementares da doença que até pouco tempo só eram feitos em hospitais de São Paulo passam a ser realizados regularmente no serviço público de saúde em Cuiabá. Um convênio firmado entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e o Hospital Geral Universitário assegura pelo menos oito cirurgias mensais.

Todas as terças e quintas-feiras, pacientes agendados pela Central de Regulação do SUS serão operados no HGU. Para implementar o tratamento, o hospital criou um programa que envolve profissionais das diversas áreas da saúde, entre os quais dentistas, cirurgiões plásticos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e otorrinos. Do estado, virá um repasse mensal de R$ 45 mil.

A primeira cirurgia nesse novo convênio foi realizada ontem pela manhã e teve como paciente a pequena Angélica Guimarães de Oliveira, de sete anos, moradora de Nortelândia. Mas pela ausência do tratamento e a limitação do custeio público desse tipo de assistência médico-hospitalar fora do domicílio, Angélica fez a cirurgia com seis anos de atraso.

A professora da Faculdade de Odontologia da Unic e coordenadora do programa, Katia Tavares Serafim, diz que a cirurgia para fechamento do palato (céu da boca), feita em Angélica, deveria ser realizada antes da criança completar dois anos.

Doença congênita, a lábios leporinos tem um tratamento complexo, caro e demorado. Quem nasce com fissura labial e no osso do céu da boca precisa de cuidados desde os primeiros dias de vida até pelo nos 18 anos. A primeira operação, explicou Kátia Serafim, serve para fechar a fenda labial e deve acontecer terceiro mês de vida.

Essa doença é bem mais comum do que se imagina e compromete a vida estudantil e social da criança. Para cada 500 bebês nascidos há um com fenda labial, segundo Kátia Serafim. Na maioria dos casos, a fala e audição ficam comprometidas. No HGU, 35 pacientes esperam pela cirurgia.

Há quase dois anos, a mãe de Angélica, dona Ana Guimarães Oliveira, de 35 anos, lutava pela cirurgia da filha. Ano passado ela teve diversas vezes em Cuiabá, chegou a receber encaminhamento para cirurgia fora do estado, mas sequer conseguiu agendá-la. O preconceito é outro problema. Angélica, por exemplo, minutos antes da cirurgia, comentou alegre com a mãe: “ninguém mais vai rir de mim quando em falar”.




Fonte: Diário de Cuiabá

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