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Economia
Quarta - 24 de Novembro de 2004 às 23:53
Por: Raquel Teixeira

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Dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) apontam que entre a última etapa de vacinação realizada em 2003, e a primeira deste ano encerrada em julho, houve um crescimento de quase 10% no número de fêmeas bovinas imunizadas contra brucelose em todo o Estado. Porém, de acordo serviços oficiais de defesa sanitária animal, esse resultado ainda não é satisfatório. Mato Grosso apresenta 10,25% de bovinos fêmeas (entre 3 e 8 meses) com a doença, um dos maiores índices do País.

Um estudo soroepidemiológico realizado pelo Indea realizado em 1.118 propriedades do Estado constatou que a maior área de prevalência da doença está no circuito de cria e engorda, onde 151 animais apresentaram sintoma positivo para a doença.”Nossa meta é aumentar os índices de vacinação com o envolvimento de todo o segmento que atua nessa área”, afirmou o presidente do instituto, Décio Coutinho.

Com um rebanho bovino de quase 25 milhões de cabeças, o maior do País, Mato Grosso tem cerca de 2,6 milhões de fêmeas entre 3 e 8 meses, e 82% das propriedades tem bezerros, o que aumenta ainda mais a preocupação dos órgãos sanitários em abranger esse universo com a vacinação.

Décio destaca que uma das maiores dificuldades é atingir as pequenas propriedades rurais que possuem rebanho abaixo de 50 cabeças – são 32.467 em todo o Estado – uma vez que esses proprietários geralmente não dispõem de um médico veterinário para atendimento exclusivo. Desta forma, o Indea irá assumir o controle da vacinação nas propriedades que se encaixam nesse perfil, sendo o produtor responsável somente por adquirir a vacina.

Desde 2003, uma portaria conjunta do Indea e Secretaria de Desenvolvimento Rural tornou a vacinação contra brucelose obrigatória em todo o Estado, devendo ser realizada em duas etapas, de janeiro a junho – sendo comunicada até 30 do mês – e de julho a dezembro, devendo a comunicação ser feita ao órgão até 31 de dezembro.

Décio alerta ainda que a vacinação só é reconhecida desde que comprovada em duas vias, e enviadas ao órgão, e atestadas por um médico veterinário cadastrado no instituto ou que pertença ao serviço de defesa oficial. Os estabelecimentos que comercializam a vacina, que hoje abrangem 90% do Estado, também só podem vendê-la com receita emitida pelos veterinários devidamente credenciados.

PROFISSIONAIS – Mato Grosso possui 721 médicos veterinários, dos quais 594 estão cadastrados no Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), e atuando no serviço oficial e empresas privadas. Para atuar no controle e combate à doença, os profissionais devem passar por uma capacitação, realizada por instituições oficiais e nivelados e reconhecidos pelo Mapa. No Estado, somente a UFMT está habilitada a ministrar curso na área, e 203 veterinários já foram capacitados, sendo 27 de serviços oficiais e 176 privados. O número, porém, não é suficiente para atender todo o Estado, sendo possível a cobertura em 70% dos Municípios. Além desses profissionais, o Estado conta com agentes comunitários em 36 cidades do Interior, habilitados e capacitados para trabalhar com saúde animal.

EXPERIÊNCIA – Em Guarantã do Norte (715 km ao Norte de Cuiabá), uma experiência envolvendo a Prefeitura do Município, associações de produtores rurais, sindicatos, cooperativas e órgãos de defesa animal aumentou em mais de 50% o índice de fêmeas bovinas imunizadas contra brucelose em 2003 e 2004.

O Programa Municipal de Cooperação para Controle da Brucelose, coordenado pelo médico veterinário Jurandir Ribas, organizou com envolvimento de todo o segmento do setor rural no Município ações educativas que visem a aumentar o índice de vacinação e alertar a população sobre os perigos da zoonose (doença que pode ser transmitida para o homem). Técnicos agrícolas compõem a equipe do programa, visitando micro e pequenas propriedades pra divulgar a campanha e realizar a vacinação. Para fazer parte do programa, o produtor rural deve ter um rebanho de até 30 cabeças e ser cadastrado no Indea.

Com uma rebanho de 37 mil bezerros entre 3 e 8 meses, o programa conseguiu em 2003 vacinar 1.480, em 54 propriedades. Já em 2004, foram imunizadas 10.219, atingindo 698 pequenas propriedades, representando um aumento 91,12% no índice de vacinação, atingindo 40% de bezerros.

“É uma ação educativa em longo prazo, na qual precisamos e estamos contando com apoio de todos os envolvidos, o que está sendo refletido nos números apresentados”, afirmou Ribas.

PRAZO – A partir de 1º de janeiro de 2006, conforme determina a portaria conjunta 05/2004 do Indea e Seder, o trânsito de bovinos e bubalinos para qualquer finalidade, exceto abate, só será permitido com a vacinação contra brucelose. Já a partir de julho de 2006, o gado só poderá ser transportado, inclusive para abate, com vacinação e, a partir de julho de 2007, o produtor que não comprovar as vacinações será penalizado por lei.




Fonte: Secom - MT

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