Custos da produção comprometem a economia de MT, diz Maggi

O elevado custo de produção e a conseqüente queda da rentabilidade, gerada pela elevação dos estoques mundiais de grãos e fibras poderá comprometer a atividade do agronegócio em Mato Grosso. Uma possível quebra de safra - com queda dos preços e alta de insumos - ou até mesmo redução de áreas plantadas vai comprometer a arrecadação do Estados e Municípios que inviabilizarão investimentos. O alerta foi dado nesta quinta-feira (11.11) pelo governador Blairo Maggi e produtores rurais na reunião conjunta das comissões de crédito rural e de cereais, fibras e oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em evento ocorrido na sede da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Famato). Os produtores manifestaram sua preocupação e buscam soluções no Estado que tem como chefe da economia o agronegócio. As perspectivas para o setor, avaliaram produtores, são ruins e desfavoráveis. Projeções de analistas do mercado agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estimam em US$ 467,10 o custo de um hectare de soja. Custo da produção é provocado pela elevação dos preços de insumos e fertilizantes. "Há alguns meses eu já venho chamando a atenção das conseqüências que vão ocorrer no Estado de Mato Grosso, em função da queda dos preços e do alto custo dos insumos que compõem a agricultura tanto de arroz, milho, feijão, soja, algodão e inclusive da pecuária", disse o governador. "Nós estamos num momento de ‘descasamento’ de preços em relação a custos. Isso diminui o dinheiro em circulação no Estado". Maggi reiterou apoio aos produtores rurais e se comprometeu a buscar saídas para evitar o colapso da cadeia produtiva do agronegócio, que, invariavelmente, afetará a economia mato-grossense. "Eu já preveni o Governo Federal e os prefeitos que nós temos que ter ajustes no ano que vem. Uma das posições do Governo é que nós vamos entrar o ano com o orçamento contingenciado", afirmou o governador. "Nós não pretendemos até o mês de abril liberar o orçamento porque queremos acompanhar primeiro como vai a safra, a questão da produtividade e dos preços para ter uma noção do que o Estado pode arrecadar. A base da economia do Estado é o agronegócio quando ele não vai bem, automaticamente o Estado deixa de arrecadar, deixa de ter atividade econômica. Essa é a nossa preocupação", frisou Maggi. Com vocação essencialmente agrícola, as oscilações no mercado do agribusiness comprometem a economia e preocupa os produtores. "Quanto mais grave for o problema da agricultura, mais grave são os problemas do Estado. Estamos numa atividade agrícola que sustenta o país e passa por momentos de dificuldades", avaliou o governador. "Chegou a hora de tomarmos algumas atitudes práticas. Sou parceiro para fazermos as ações que forem necessárias para não deixar esse segmento ir à bancarrota", propôs Maggi. Citando números que projetaram a economia mato-grossense no cenário nacional e mundial, o secretário de Estado de Desenvolvimento Rural e presidente da Famato, Homero Pereira, não escondeu a preocupação dos agricultores. "Se nenhum fato novo acontecer teremos problemas. Nós estamos preocupados porque estamos plantando essa safra com um custo de produção em elevação e o preços dos produtos agrícolas em baixa. Como nós temos que plantar, estamos financiados, e vamos ter que pagar essa conta, então como a gente viu esse filme no passado, estamos fazendo essa avaliação para que a possa dar um encaminhamento a essa questão", disse.

Apesar das perspectivas ruins e cenário sombrio, segundo Homero, os produtores não devem reduzir a área planta. Em 2005, o Estado deve colher 25 milhões de toneladas de grãos. "A cada ano o nosso custo de produção é crescente. Esse é o motivo da nossa preocupação. Enquanto os custos da produção estão crescendo e os preços da commodoty estão em baixa", lamentou Homero.

Da extensão de 90 milhões de hectares em sua área, Mato Grosso ocupa apenas 7% destinado à agricultura; 21% para pecuária; 3% são unidades de conservação; 16% áreas indígenas; e 51% são florestas, áreas de transição e cerrado. O Estado é o primeiro produtor de soja, algodão e pecuária e ocupa a segunda posição na produção de arroz, sorgo e madeira.

Com o acréscimo estimado de um milhão de hectares incorporado à área agricultultável, haverá a demanda nada menos que 1,3 mil colheitadeiras; três mil tratores; 1,2 mil caminhões; mil plantadeiras ‘grandes’; cinco mil "outros implementos"; seis milhões de litros de agroquímicos; 100 milhões de litros de óleo diesel; 500 toneladas de fertilizantes; centenas de silos e secadores. Essa projeção da Secretaria de Projetos Estratégicos e Famato vai gerar 60 mil empregos diretos e indiretos.

"Mato Grosso tem uma agricultura que é um exemplo para o País. O que nos preocupa nesse momento é o custo da produção que aumentaram 60% nos últimos dois anos. Temos que ter um esforço muito grande na redução desses custos", comentou o presidente da Comissão de Cereiais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Macel Feliz Caixeta. "Os produtos subiram, mas também subiram os nossos custos. Estamos efetivamente preocupados pelo que vai da nossa atividade", assinalou o presidente da Comissão Nacional de Crédito Rural da CNA e presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Rivaci Sperotto.

Também participaram da reunião, o secretário de Estado de Projetos Estratégicos (Cloves Vettorato), o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, os prefeitos Percival Muniz (Rondonópolis), Jesur José Casol (Campo Novo do Parecis), o superintendente do Banco do Brasil em Mato Grosso, Dan Conrado, o presidnete da Empaer, Aréssio Paquer, o senador Jonas Pinheiro (PFL), o deputado estadual Zeca D’Ávila (PFL), produtores rurais e representantes de federações da agricultura de São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul.